O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, e integrants da oposição reuniram-se neste sábado para comemorar o aniversário do golpe que foi impedido no ano passado, em um momento de união cerimonial, porém ofuscado pelos atos de repressão que têm abalado a sociedade desde então.
A reunião no parlamento foi a primeira de uma série de eventos planejados para o final de semana para comemorar a noite de 15 de julho, quando milhares de civis desarmados foram às ruas para se opor a soldados fora da lei que mobilizaram tanques e aviões de guerra e bombardearam o parlamento, em uma tentativa de tomar o poder. Mais de 240 pessoas morreram antes de o golpe ser impedido.
Mas, juntamente com a onda de nacionalismo, o maior legado do golpe foi a ampla repressão.
Cerca de 150 mil pessoas foram demitidas ou suspensas de empregos no setor público e privado e mais de 50 mil foram detidas por supostas ligações ao golpe de Estado. Na sexta-feira, o governo disse que demitiu mais 7 mil policiais, funcionários públicos e acadêmicos por supostos vínculos com o clérigo muçulmano, a quem culpam pelo golpe.
"Nosso povo não deixou a soberania para seus inimigos e conquistou a democracia até a morte", disse o primeiro-ministro, Binali Yildirim, enquanto Erdogan e membros dos partidos da oposição presenciaram o discurso. "Esses monstros certamente receberão o castigo mais severo possível dentro da lei".
Críticos, incluindo grupos de direitos humanos e alguns governos ocidentais, dizem que Erdogan está usando o estado de emergência introduzido após o golpe para atacar membros da oposição, incluindo ativistas de direitos humanos, políticos pró-curdos e jornalistas.
O Partido Democrático dos Povos (HDP), sigla pró-curda foi representado por seu vice-presidente, já que os dois co-líderes do partido estão presos - assim como membros locais do grupo de direitos humanos Anistia Internacional e cerca de 160 jornalistas, de acordo com o Comitê de Proteção aos Jornalistas.