Enquanto grande parte da Europa se preocupa em adiantar os ponteiros em uma hora por causa do horário de verão boreal, a Crimeia se preparava neste sábado para dar um salto de duas horas em seus relógios, ajustando-se ao fuso horário de Moscou.
Às 22h locais (17h00 de Brasília), os relógios da estação de trem de Simferopol - principal cidade da península do Mar Negro - passarão a marcar meia-noite, durante uma cerimônia que contará com a presença do primeiro-ministro da Crimeia, Serguey Aksionov.
Duas semanas após o referendo que permitiu a anexação da península à Rússia, a mudança simbólica constitui mais uma etapa na espetacular corrida constitucional da Rússia sobre a Crimeia - após a adoção, por exemplo, do rublo como moeda oficial.
"Preparados para a viagem no tempo", estampava a primeira página do jornal local Krymskaïa Gazeta, alertando os moradores para os possíveis problemas causados pela mudança de fuso: distúrbios do sono, depressão, apatia.
"É um pouco difícil", reconheceu uma porta-voz das autoridades locais, Lioudmila Mokhova. "Mas as pessoas estão muito felizes".
O resultado do referendo, favorável a Moscou, foi recebido com muita emoção e alegria na península russófona que fazia parte da Ucrânia desde 1954. Grande parte da comunidade internacional denuncia uma votação ilegal aos olhos da Constituição ucraniana, organizada sob o controle das forças russas e milícias pró-Rússia.
Moscou não entra no horário de verão europeu desde 2011, passando a estar permanentemente com quatro horas a mais que o fuso GMT.