Após mil anos, Papa quer unir católicos e ortodoxos

Líderes das duas religiões buscam 'fé comum' sem 'submissão'

30 nov 2014 - 14h28
Em Istambul, na Turquia, o papa Francisco e o patriarca ortodoxo Bartolomeu condenaram as ameças de jihadistas a cristãos no Iraque e na Síria
Em Istambul, na Turquia, o papa Francisco e o patriarca ortodoxo Bartolomeu condenaram as ameças de jihadistas a cristãos no Iraque e na Síria
Foto: Filippo Monteforte / AFP

Ao lado do patriarca dos ortodoxos, Bartolomeu I, o papa Francisco pediu neste domingo (30) o "restabelecimento da plena comunhão" entre católicos e ortodoxos - que estão separados há mais de mil anos. Segundo Jorge Bergoglio, essa união "não significa submissão de um ao outro, nem absorção, mas o acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação".

"Quero assegurar a todos vocês, para atingir a meta de plena unidade, a Igreja Católica não pretende impor nenhuma exigência além daquela da profissão de uma fé comum", afirmou o Pontífice durante a "divina liturgia" da festa de Santa Andreia em Istambul, onde encerra hoje sua visita à Turquia.

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Ele ressaltou que "estamos prontos para buscar juntos, à luz dos ensinamentos das Escrituras e da experiência do primeiro milênio, a modalidade com a qual haverá a necessária união entre as igrejas nas circunstâncias atuais". De acordo com o sucessor de Bento XVI, "a única coisa que a Igreja Católica deseja e eu busco como Bispo de Roma, é a comunhão com as Igrejas Ortodoxas".

As duas igrejas se separaram em 1054, quando os católicos quiseram impor a submissão ao Papa para os ortodoxos.

Atualmente, a sede da Igreja Ortodoxa é em Istambul e seu líder é o patriarca Bartolomeu I. São cerca de 300 milhões de ortodoxos no mundo contra mais de um bilhão de católicos.

Ainda na celebração deste domingo, Bergoglio afirmou que há "muitas mulheres e há muitos homens que sofrem" pela falta de comida, de emprego e pela alta exclusão social. Por isso, "como cristãos, somos chamados a lutar juntos nessa globalização da indiferença que hoje parece ter a supremacia" e que essa união "deve criar uma sociedade no amor e na solidariedade".

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O Pontífice ainda reforçou seus pedidos para que a perseguição contra os cristãos no Oriente Médio tenha fim, "pois não podemos aceitar um Oriente Médio sem cristãos, que ali professam a fé em Jesus há mais de dois mil anos".

Após a celebração, o Papa ainda leu uma declaração conjunta, firmada entre ele e Bartolomeu I sobre a unificação das duas religiões. "Demonstramos nossa sincera e forte intenção, em obediência à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo, de intensificar os nossos esforços para a promoção da plena unidade entre todos os cristãos e, sobretudo, entre católicos e ortodoxos.

Queremos ainda sustentar o debate teológico promovido pela Comissão Mista Internacional, que foi criada há 35 anos pelo patriarca ecumênico Dimitrius e o papa João Paulo II aqui no Fanar, e que está debatendo, atualmente, as questões mais difíceis que marcaram a história da nossa divisão e que pedem um estudo atento e aprofundado", informou Francisco.

Fonte: ANSA Brasil
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