O fundador do site Wikileaks, Julian Assange, começou a ser interrogado nesta segunda-feira (14) na embaixada do Equador em Londres, onde se encontra asilado há mais de quatro anos. O ativista australiano, que usou seu portal para revelar informações confidenciais do governo americano, responde agora às acusações de crime sexual que pesam sobre ele.
O interrogatório deve "durar vários dias", informou o advogado do réu, Per Samuelsson, à agência de notícias AFP. Ele disse ainda ter "grandes esperanças" de que o caso seja encerrado após a série de entrevistas.
Samuelsson, que não participa do interrogatório, concluiu que ainda é cedo para se tecer estimativas, ou mesmo para saber o que disso tudo poderá ou não vir a público.
A representante da procuradoria sueca, Ingrid Isgren, foi recebida na embaixada equatoriana por um grande grupo de jornalistas, câmeras e fotógrafos, mas não fez qualquer declaração.
Também presentes nas comissões, que estão sendo desenvolvidas em espanhol com a assistência de tradutores especializados, está a inspetora da polícia sueca Cecilia Redell e o embaixador do Equador Carlos Ortiz. Este último será responsável pela condução do interrogatório. Um exame de DNA também está previsto.
A defesa de Assange espera que o ativista de 45 anos possa agora apresentar sua versão dos fatos. O interrogatório na embaixada estava inicialmente agendado para 17 de outubro, mas foi adiado a pedido do próprio Assange, que alegou na ocasião "razões de garantias de proteção e defesa de sua pessoa".
As acusações
As alegações de crimes sexuais, feitas por duas suecas que o ativista teria conhecido em 2010, foram apresentadas pouco após Assange e o Wikileaks ficarem mundialmente conhecidos por lançar centenas de milhares de páginas de documentos governamentais confidenciais.
Uma mulher sueca afirmou que Assange perfurou intencionalmente um preservativo e que a prendeu enquanto fazia sexo. Uma segunda mulher acusou Assange de violentá-la sem preservativo enquanto ela dormia. Na Suécia, ter relações sexuais com uma pessoa inconsciente, embriagada ou dormindo pode levar a uma condenação por estupro, crime punível com até seis anos de prisão.