A polícia catalã mudou de versão e agora acredita que o motorista da van que matou 14 pessoas em Barcelona, na quinta-feira, esteja vivo e solto. O novo suspeito é Younes Abouyaaqoub, 22 anos, nascido no Marrocos e morador da cidade de Rivoli, ao norte de Barcelona. Ele está sendo procurado.
Antes, havia sido apontado como suspeito de dirigir a van o jovem Moussa Oukabir, 17 anos. Ele foi um dos cinco mortos pela polícia catalã na cidade de Cambrils, na madrugada de sexta-feira (noite de quinta-feira no Brasil). Moussa é irmão de Driss Oukabir, 28 anos, que está preso e cujos documentos teriam sido usados para alugar o veículo.
Segundo a polícia, os suspeitos estavam planejando um ataque mais sofisticado, com bombas. Mas um acidente na casa onde os explosivos estariam sendo preparados, na cidade de Alcanar, na quarta-feira, teria frustrado os planos. Então, os suspeitos teriam decidido realizar ataques com veículos.
O incidente em Barcelona foi classificado pelas autoridades como ataque terrorista. É o último de uma série de atentados semelhantes ocorridos nos últimos 13 meses em diferentes cidades europeias, como Nice, Berlim, Londres e Estocolmo. É ainda o pior atentado do tipo na Espanha desde que 190 pessoas morreram nos ataques a bomba em trens de Madri, em 2004.
O premiê espanhol, Mariano Rajoy, anunciou três dias de luto nacional. Rajoy, afirmou pelo Twitter que "os terroristas nunca derrotarão um povo unido que ama a liberdade frente à barbárie. Toda a Espanha está com as vítimas e (suas) famílias".
Na manhã de sexta-feira, o policiamento foi reforçado nas Ramblas; turistas e moradores voltaram a trafegar pelo local.
Veja o que se sabe até agora:
O que aconteceu em Barcelona?
O ataque começou às 16h50 hora local (11h50 no horário de Brasília).
Testemunhas descreveram que viram uma van branca ziguezagueando em alta velocidade na área de pedestres, deliberadamente atingindo pessoas, atirando muitas ao chão e fazendo com que outras fugissem para se proteger em lojas e cafés.
A agência de proteção civil espanhola informou que as vítimas são de pelo menos 24 países, entre eles Espanha, França, Alemanha, Holanda, Argentina, Venezuela, Bélgica, Austrália, Hungria, Peru, Romênia, Irlanda, Grécia, Cuba, Macedônia, China, Itália, Argélia. O Itamaraty informou que não há brasileiros entre as vítimas.
A van atropelou pessoas por um trecho de cerca de 500 metros na avenida Las Ramblas - um calçadão que cruza 1,2 km pelo centro de Barcelona - antes de parar na frente de um famoso mosaico do artista Joan Miró.
O calçadão é popular entre turistas por causa de suas lojas, bares e restaurantes.
Quem realizou o ataque de Las Ramblas?
O chefe da polícia local, Josep Lluís Trapero, disse que o motorista da van continua foragido, identificado pela mídia espanhola como Moussa Oukabir, de 18 anos. Ele é irmão do marroquino Driss Oukabir, uma das quatro pessoas presas por ligação com o incidente. Outro preso é do enclave espanhol de Melilla, no norte da África. A polícia não divulgou informações sobre as outras duas pessoas detidas.
A rede de televisão pública da Espanha RTVE informou que o veículo usado no ataque foi alugado na cidade. A polícia divulgou uma foto do homem que supostamente alugou a van, porém, a imprensa local informou que o jovem - identificado como Driss Oukabir - se entregou à polícia dizendo que seus documentos tinham sido roubados e usados sem o seu conhecimento.
Uma segunda van ligada ao ataque foi encontrada na pequena cidade de Vic, ao norte de Barcelona, disseram as autoridades.
O Estado Islâmico afirmou que os autores do atentado seriam "soldados" seus, de acordo com uma agência ligada ao grupo extremista. No entanto, não apresentou nenhuma prova.
O que se sabe sobre os suspeitos dos ataques?
A rede de televisão pública da Espanha RTVE informou que o veículo usado no ataque foi alugado em Barcelona.
A polícia havia divulgado uma foto de Driss Oukabir, 28 anos, como o homem que supostamente alugou a van, porém, o jovem se entregou à polícia dizendo que seus documentos foram roubados e usados sem o seu conhecimento.
O irmão de Driss Oukabir, Moussa Oukabir, de 17 anos, é suspeito de ter usado os documentos para alugar a van do ataque em Barcelona e outra van encontrada horas depois na pequena cidade de Vic, que seria destinada à fuga.
Moussa também chegou a ser considerado o principal suspeito de ter dirigido a van.
Mas agora a polícia da Espanha suspeita que outro nome conduziu o veículo: Younes Abouyaaqoub, 22 anos, nascido no Marrocos. O homem, que vivia na cidade de Ripoli, ao norte de Barcelona, está sendo procurado pela polícia.
Moussa e outros quatro suspeitos foram mortos pela polícia catalã em Cambrils. Todos estavam em um carro que avançou sobre pedestres, matando uma mulher e ferindo outras seis pessoas, na madrugada de sexta-feira.
Outras quatro pessoas estão presas: Driss Oukabir, Sahal el-Karib (34 anos), Mohammed Aallaa (27 anos), todos detidos na cidade de Ripoli, e uma pessoa não identificada na cidade de Alcanar.
O Estado Islâmico afirmou que os autores do atentado seriam "soldados" seus, de acordo com uma agência ligada ao grupo extremista. No entanto, não apresentou nenhuma prova.
O que aconteceu na cidade de Alcanar?
As autoridades disseram que havia uma ligação do ataque em Barcelona a uma forte explosão ocorrida na quarta-feira à noite na cidade de Alcanar, a cerca de 200 km ao sul de Barcelona, que destruiu uma casa, deixando uma mulher morta e sete feridos.
A casa estava cheia de garrafas de propano e butano, informou o jornal espanhol El País. A imprensa local diz que as pessoas que ocupavam a casa supostamente preparavam explosivos.
O que ocorreu em Cambrils?
Na madrugada desta sexta-feira (noite de quinta-feira no Brasil), a polícia da Catalunha informou que matou cinco suspeitos em uma operação para impedir um possível atentado em Cambrils, uma cidade turística a 120 km de Barcelona.
"Trabalhamos com a hipótese de que os fatos de Cambrils se referem a um ataque terrorista. Abatemos os supostos autores", comunicaram os Mossos d'Esquadra, como é conhecida a polícia catalã, em sua conta no Twitter.
Neste episódio, o carro com os homens - que usavam cintos-bomba falsas - tinha atropelado civis antes de ser parado a tiros pela polícia. As autoridades informaram que sete pessoas foram feridas, entre elas um policial, e uma das vítimas, uma mulher, morreu. Com isso, somam-se 14 mortos de civis em Cambrils e Barcelona.
Fontes policiais citadas pela Televisión Española disseram que os suspeitos mortos teriam tentado realizar um ataque de atropelamento em um calçadão turístico de Cambrils semelhante ao de Barcelona.
Os Mossos afirmaram no Twitter que "os terroristas abatidos em Cambrils estariam relacionados com os fatos registrados em Barcelona e Alcanar".
Segundo o chefe de polícia Javier Zaragoza, os envolvidos nos ataques de Barcelona e Cambrils não tinham antecedentes criminais.
Como estão as investigações?
Uma grande operação policial está sendo montada para encontrar Moussa Oukabir, que teria 17 anos, segundo as autoridades. Ele é suspeito de ter usado os documentos do seu irmão, Driss Oukabir, de 28 anos, para alugar a van do ataque em Las Ramblas.
Há suspeitas de que também tenha sido o motorista - mas a polícia diz que isso ainda não pode ser confirmado. Também é possível que o jovem tenha sido uma das cinco pessoas mortas em Cambrils.
Quatro suspeitos foram presos. Driss Oukabir e um espanhol de Melilha, uma cidade autônoma da Espanha localizada no norte da África, foram presos ainda na quinta-feira em Alcanar, e outros dois foram presos nesta sexta.
A polícia afirmou que três desses detidos seriam do Marrocos, e outro seria da Espanha, mas não deu mais detalhes. Ainda não está claro quantas pessoas estavam envolvidas no ataque.
O ataque de Barcelona é o pior atentado do tipo na Espanha desde que 190 pessoas morreram nos ataques a bomba em trens de Madri, em 2004.
O que as pessoas viram em Barcelona?
Marc Esparcia, estudante de 20 anos que vive na cidade e estava próximo ao local do ataque, disse à BBC: "Houve um barulho forte e todo mundo correu para se proteger. Havia muitas pessoas, muitas famílias, esse é um dos locais mais visitados de Barcelona".
"Acho que muitas pessoas foram atingidas. Foi horrível, houve pânico. Terrível", afirmou o estudante, que ficou abrigado em uma loja Starbucks nas redondezas.
O americano Tom Markwell havia acabado de descer do táxi em Las Ramblas quando o ataque ocorreu. Ele disse ter ouvido a multidão gritar "como se tivesse visto uma estrela de cinema".
"Eu vi a van, já com o capô batido. Ela estava ziguezagueando, tentando atingir as pessoas o mais rápido que conseguisse. Havia pessoas no chão".
A turista galesa Jessica Tanner estava em Las Ramblas momentos antes do ataque. "Estávamos tirando fotos por onde a van passou", contou à BBC.
"Minutos mais tarde ouvidos um barulho enorme atrás de nós e pessoas gritando e chorando. Nós corremos com a multidão e nos escondemos num loja".
"De início, todo mundo estava rezando para que fosse um acidente de carro. Estávamos aterrorizados".