“Nós somos muçulmanos normais, nós praticamos o Ramadã, temos três filhos e somos uma família normal”, repetia a mulher de Yassin Salhi, principal suspeito do ataque terrorista desta sexta-feira, na França. Em entrevista à rádio Europe 1, ela dizia não entender o que estava acontecendo.
Yassin Salhi, principal suspeito do ataque terrorista que deixou um morto e dois feridos hoje na cidade de Saint-Quentin-Fallavier, sul da França, é um pai de família de 35 anos, que trabalha como entregador e há nove anos foi fichado pelos serviços de inteligência da França por proximidade com radicais islâmicos.
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Como todos os dias, Salhi deixou o apartamento no térreo de um conjunto habitacional em Saint-Priest, região metropolitana de Lyon, por volta das sete da manhã desta sexta-feira, em direção à empresa de entregas onde trabalhava desde primeiro de março deste ano. Três horas depois, entrava tranquilamente a bordo de uma caminhonete em uma usina de produtos químicos, levando dentro do veículo o corpo decapitado de seu patrão, que tinha 54 anos. Antes, deixou a cabeça do homem presa às grades do local.
Já dentro da usina, deixou o corpo sem cabeça próximo da grade e jogou o carro contra um reservatório de oxigênio, causando uma pequena explosão. Com sangue-frio, saiu do veículo e se dirigiu a outro reservatório, numa tentativa de abrir a válvula de gás e causar uma nova explosão. Neste momento, foi detido por um bombeiro que estava no local quando tentava abrir uma garrafa de acetona. A polícia chegou logo depois, onde também encontrou uma faca, e levou Salhi para uma delegacia local.
Quando atendeu o interfone de seu apartamento para responder a um jornalista da rádio Europe 1, a esposa de Salhi mostrou surpresa pelas acusações contra o marido. Ao ser interrogada pelo jornalista, disse que havia acabado de ligar a televisão e feito a macabra descoberta.
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“Meu coração vai parar! Não sei o que está acontecendo. Prenderam ele?”, perguntou a mulher, que não teve a identidade revelada, mas foi colocada em prisão preventiva. “Eu conheço meu marido. Nós temos uma vida familiar normal. Ela sai para o trabalho e depois volta”, afirmou a esposa do suspeito.
Também pegos de surpresa, os vizinhos de Salhi ainda não sabem explicar como um homem que era conhecido por jogar futebol com as crianças do conjunto habitacional onde vivia poderia ser o autor de um atentado terrorista.
Agora, a polícia quer saber se Salhi agiu sozinho ou tinha cúmplices. Além disso, investiga a possibilidade de uma ligação entre o ataque de hoje na França o outro mais mortífero, que fez 27 mortos esta manhã próximo à cidade de Sousse, uma região balneária no noroeste da Tunísia.
Outro homem, também agindo sozinho, abriu fogo contra dezenas de pessoas que estavam na praia. As vítimas ainda não foram identificadas, mas as autoridades acreditam que a maioria seja composta de turistas. Muitos deles poderiam ser franceses, que costumam passar férias na região.