Atentados mudam rotina em escola judaica de Paris

Fundada por judeus, escola profissionalizante recebe alunos de diferentes culturas no bairro de Marais, na capital francesa

12 jan 2015 - 13h09
(atualizado em 26/1/2015 às 11h18)
Escola fundada em 1852 por judeus prepara jovens para o mercado de trabalho
Escola fundada em 1852 por judeus prepara jovens para o mercado de trabalho
Foto: Fernando Diniz / Terra

“Aqui é o único restaurante seguro de Paris. Todos judeus podem vir comer aqui, todos os desenhistas, que não serão agredidos. Exceto pela conta, claro”, diz, em tom bem humorado, Claude Journo, chefe da cantina de uma escola profissionalizante no bairro de Marais, em Paris. Assim como em outros locais de estudos e de cultos, policiais e militares passam com frequência em frente ao prédio situado na Rue de Rosiers, um local conhecido por estabelecimentos de judeus.

Nesta segunda-feira, o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, anunciou um reforço de 4,7 mil policiais em 717 locais identificados com a cultura judaica. Na École de Travail, alunos aprendizes chegavam para os estudos após uma semana em que 17 pessoas foram mortas vítimas do terrorismo, sendo quatro mortos em um mercado de judeus em Porte de Vincennes, na capital francesa.

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Claude Journo cuida da cantina da escola com seu filho
Foto: Fernando Diniz / Terra

A escola da Rue des Rosiers foi fundada em 1852 por judeus, mas foi aberta para a comunidade em geral em 1970. Hoje em dia, 25 a 30% dos alunos são muçulmanos, enquanto aproximadamente 45% são judeus. Mesmo assim, os alunos e professores disseram que passaram a ficar “mais atentos” com a segurança ao chegar para as aulas.

“A gente toma mais atenção quando estamos na rua, depois dos atentados. Militares passam toda hora em frente à escola", disse o jovem Davi, aluno do primeiro ano. “A gente diz: toma cuidado, mas não sinta medo”, contou a professora de Geografia Christel Roels.

A professora disse ter conversado com os alunos em sala de aula depois dos atentados e que todos compreenderam que os ataques não foram uma questão de religião.

“Eles estavam com uma espécie de raiva pela incompreensão. Por que atacar um jornal? Por que atacar judeus e muçulmanos? E a gente falou sobre o extremismo, e não sobre religião. É importante separar as coisas”, explicou.

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Rue de Rosiers, no bairro Marais, é conhecida pela comunidade de judeus
Foto: Fernando Diniz / Terra

Apesar da preocupação da França, os estabelecimentos da Rue des Rosiers funcionavam normalmente nesta segunda-feira. A rua foi palco de um atentado de motivação antissemita em 1982, quando seis pessoas morreram num ataque ao antigo restaurante Goldenberg.

Fonte: Terra
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