As autoridades da Áustria estimam que 10.000 refugiados cruzarão neste domingo a fronteira com a Hungria, um considerável aumento do ritmo de chegadas que está relacionado com as medidas que o governo húngaro aplicará a partir da próxima semana para impedir a entrada de mais pessoas.
"Aparentemente, as pessoas tentam chegar antes à Áustria", disse um porta-voz policial à agência austríaca "APA".
Até o meio-dia tinham entrado cerca de 4.000 pessoas através da passagem de Nickelsdorf, mas trens com refugiados seguem chegando até Hegyeshalom, no lado húngaro da fronteira, de onde percorrem a pé os dez quilômetros que restam até território austríaco.
Apesar da enorme afluência de pessoas, a polícia afirma que a situação está sob controle e que os refugiados são transferidos em trens ou ônibus até Viena, de onde a maioria segue caminho para a Alemanha, ou são alojados até que haja meios para transportá-los.
Cerca de 8.000 pessoas partiram ontem da Estação do Oeste de Viena rumo à Alemanha, enquanto outras 2.800 passaram a noite na capital. Apenas 87 solicitaram asilo na Áustria.
A empresa estatal de ferrovias disponibilizou quatro comboios para levar os refugiados à cidade austríaca de Salzburgo, em direção à Alemanha, e outros quatro trens são usados como plataforma de lançamento entre a fronteira e a capital.
A expectativa é que amanhã entrem na Áustria entre 6.000 e 8.000 refugiados.
A previsão é que a Hungria aprove na próxima terça-feira uma nova legislação que estabelece penas de até cinco anos de prisão para quem cruzar ilegalmente sua fronteira.
Paralelamente, o governo conservador húngaro segue acelerando o reforço ao longo de 175 quilômetros de fronteira com a Sérvia.
À espera de comprovar a efetividade desse muro e a dureza com a qual a Hungria aplica sua nova lei, as autoridades policiais austríacas especulam que a partir do dia 15 o fluxo de refugiados tome outra rota para evitar o solo húngaro: da Sérvia à Croácia e depois à Eslovênia, para entrar na Áustria pelo sul.