O brasileiro François Patrick Nogueira Gouveia, 22 anos, assassino confesso do "crime de Pioz", foi condenado à prisão permanente revisável, a pena máxima prevista pela legislação espanhola.
Gouveia é o quinto condenado na Espanha a receber essa punição. Ele vai ter de passar entre 25 e 35 anos na prisão até que a pena seja revista.
A juíza María Elena Mayor Rodrigo leu a sentença na manhã desta quinta-feira, em audiência pública no Tribunal Superior de Justiça de Castilha-La Mancha.
No julgamento realizado de 24 de outubro a 3 de novembro, os nove membros do júri popular consideraram o réu culpado.
Patrick foi condenado a três penas de prisão permanente revisável pelos assassinatos a facadas e esquartejamento do tio, Marcos Campos Nogueira, 41 anos, e dos filhos dele, Maria Carolina, 4 anos, e David, 1 ano, na cidade de Pioz, em 17 de agosto de 2016.
Pelo assassinato da esposa de Marcos, Janaína Santos Américo, 40, o réu foi condenado a 25 anos de prisão.
A pena foi maior do que a pedida na denúncia do Ministério Público espanhol - 20 anos pelos assassinatos de cada adulto e a pena máxima para o homicídio das crianças.
As chaves do julgamento
Uma das chaves para o veredicto foi a troca de mensagens por WhatsApp entre o assassino confesso e um amigo no dia do crime.
Na conversa, Patrick detalhou os assassinatos de Janaína e das crianças e como planejava matar o tio.
"Ele transmitiu ao vivo, de forma constante e permanente, todos os atos desse crime", lembrou Alberto Martín, advogado da acusação particular, em sua alegação final ao júri.
Martín afirmou que as mensagens evidenciam a "crueldade e a premeditação" do crime. "O que ele fez foi um ato brutal de absoluta covardia", disse.
Na tentativa de reduzir a pena do réu confesso, a advogada de defesa, Bárbara Royo, argumentou que Patrick sofre um "dano neurológico".
Psicólogos judiciais, porém, descreveram o brasileiro como um psicopata, com "total ausência de emocionalidade, empatia, sensibilidade, remorso", e que "sabia o que queria fazer".
Dor da família
Segundo médicos forenses, Patrick apunhalou o tio 14 vezes, e a mulher dele, seis vezes, e depois os esquartejou. Em seguida, ele matou as crianças cortando o pescoço delas.
Em sua declaração como testemunha, Walfran Campos, 45 anos, irmão de Marcos e tio de Patrick, disse estar decepcionado com o sobrinho, porque sentia que era "um irmão mais novo" para ele.
"Estou há dois anos sofrendo. Não tenho vida. Estou sofrendo como um louco", declarou Walfran, emocionado. Disse ainda que preferia estar no lugar do irmão.
Em sua alegação final, no dia 31, Patrick voltou a se desculpar. "Peço perdão, não nego, não questiono, causei muita dor e fiz sofrer pessoas que não conheço e pessoas a quem tenho muito carinho, mas eu também sofro."
"Não posso consertar o passado. Queria que me tratassem, eu não gostaria de ser assim. Eu quero mudar e peço perdão por tudo isso", afirmou ao júri.
Patrick ouviu a sentença na manhã de hoje por videoconferência na prisão de Estremera, na Província de Madri.
Durante todo o julgamento, ele permaneceu algemado, o que não é comum na Espanha.