Carcóvia prepara referendo para se separar da Ucrânia

O governador da região convocou uma reunião extraordinária com os responsáveis pela segurança e pediu que os moradores evitem as reuniões sobre a votação

14 mar 2014 - 17h22
(atualizado às 17h28)

A tensão aumentou ainda mais no leste da Ucrânia nesta sexta-feira, com o anúncio feito por militantes pró-Rússia da cidade de Carcóvia de que no domingo um referendo também será realizado concomitantemente com o da Crimeia.

Os simpatizantes de Moscou estão no mesmo embalo do "premiê" separatista pró-Rússia da península ucraniana da Crimeia, Serguei Axionov. Ele acaba de convidar lideranças russófonas do leste a organizar referendos nos moldes do que será realizado neste domingo na Crimeia, que tratará da adesão à Rússia.

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A petição feita pelo movimento pró-russo de Carcóvia, que anuncia também uma série de reuniões neste sábado nesta cidade, em Lugansk, Donetsk, Mariupol e Odessa, propõe uma votação inspirada na que ocorrerá na Crimeia, com duas opções: maior autonomia ou adesão à Rússia.

Os signatários do documento anunciam a instalação de 100 a 200 urnas em Carcóvia e se propõem também a "assumir o poder" e "pedir a ajuda da Rússia".

A iniciativa preocupou o governador da região, Igor Baluta, que convocou uma reunião extraordinária com os responsáveis pela segurança e lançou um apelo aos moradores para que evitem as reuniões, alertando para "possíveis atos terroristas".

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No final da tarde (horário local) o tribunal administrativo de Carcóvia, tomado pelo Conselho Municipal, proibiu a realização das reuniões neste domingo.

Um dos principais líderes da coalizão que está no poder atualmente, o ex-lutador de boxe Vitali Klitschko, pediu para que os serviços de segurança interviessem na organização destes "referendos", chamando a atenção para possíveis provocações russas.

Após a morte de um manifestante na cidade de Donestk nesta quinta-feira, 13, as iniciativas de votação preocupam Kiev. Situada no leste, a proteção da cidade de Donestk já foi garantida pela Rússia, pronta a zelar por seus "cidadãos e compatriotas".

Antes da declaração feita pelo ministério das Relações Exteriores russo, acompanhada de manobras militares na região da fronteira com a Ucrânia, muitos ucranianos se questionam se as demonstrações de poder russas vão se restringir apenas à fronteira com a Crimeia.

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A partir de agora, a ameaça se tornou mais clara. Do lado ucraniano, a primeira reação consistiu em fazer o possível para evitar separatistas pró-Rússia e simpatizantes da unidade do país.

Em Donestk, maior cidade industrial do leste - onde um manifestante de 22 anos morreu após ser agredido na noite de quinta-feira durante confrontos entre os dois lados - o prefeito, Olexandre Lukiantchenko, pediu aos moradores que fiquem em casa durante o final de semana.

Apesar de alguns grupos de apoio a Kiev terem reforçado o pedido de Lukiantchenko, outros mantiveram de pé a intenção de manifestar.

O homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, cujo império industrial tem sede em Donbass - região cuja capital é Donestk - fez um apelo a todos os habitantes da região para que "se abstenham de acertar suas contas nas ruas" e "não cedam às emoções".

"Nós somos a família unida de Donbass e devemos permanecer assim, família unida de Donbass numa Ucrânia unida e inteira", lembrou.

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Em Kiev, a oposição parlamentar pró-Rússia propôs uma solução para a crise. O partido da região do presidente destituído Viktor Yanukovytch - que se distanciou após sua queda e sua fuga para a Rússia - pediu para que o russo vire a segunda língua oficial da Ucrânia e que as regiões pró-russas tenham mais autonomia.

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