Centenas de tártaros da Crimeia se reuniram nesta terça-feira perto da capital Crimeia, Simferopol, para o funeral de um membro de sua comunidade, que foi sequestrado e torturado após protestar contra a anexação da península à Rússia.
Rechat Ametov, de 38 anos, desapareceu no dia 3 de março e seu corpo foi encontrado no sábado em uma floresta a 20 km de Simferopol, na véspera do referendo sobre a integração da península ucraniana à Federação Russa.
Os líderes da comunidade tártara garantem que ele foi torturado até a morte depois de protestar contra o referendo.
Os tártaros, muçulmanos que representam entre 12 e 15% da população local, boicotaram o referendo de domingo.
Cerca de 300 pessoas lotaram um cemitério perto de Simferopol para prestar homenagem a Rechat, que teve o corpo envolvido em uma mortalha verde.
"Ele foi brutalmente espancado", denunciou sua tia Zera Kadyrova. "Eles dizem que haverá uma investigação, mas nós não sabemos se isso é verdade", acrescentou à AFP.
Vários representantes do órgão representativo dos tártaros da Crimeia, os Mejlis, pediram que as pessoas não recorram à vingança.
A organização de defesa dos direitos Humanos Human Rights Watch, com base no testemunho de um parente, indicou que Ametov tinha sido visto pela última vez durante uma manifestação na praça central da capital da Crimeia, sendo levado por homens de uniforme.
A HRW pediu que as novas autoridades pró-russas da Crimeia investiguem sua morte, que ilustra "o clima arbitrário" predominante na península há uma semana.
O incidente provocou forte comoção na Ucrânia, onde foram registrados vários casos de tortura contra ativistas envolvidos na contestação que causou a queda do presidente Viktor Yanukovytch.