O barulho de sinos ao fundo foi o único ruído ouvido neste domingo (3) durante a cerimônia de 70 anos da libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Dachau, a 5 quilômetro de Munique, sul da Alemanha. O ato reuniu líderes, funcionários e mais de 130 sobreviventes e americanos que ajudaram a libertar o local das mãos dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Siga o Terra Notícias no Twitter
A chanceler alemã Angela Merkel agradeceu a presença de todos na cerimônia que relembrou os acontecimentos terríveis, que tiveram como palco Dachau. "É muito bom que pessoas como vocês estejam dispostas a contar suas histórias de vida sobre o sofrimento interminável que a Alemanha provocou a vocês durante a era do nazismo", afirmou Merkel.
A líder alemã também fez um alerta contra o esquecimento do significado e das origens de locais como o campo de concentração nazista, afirmando que "ataques e discursos de ódio antissemitas são dirigidos contra a dignidade humana e, portanto, também contra a base de uma sociedade livre".
O ex-prisioneiro e atual presidente do Comitê do Campo de Concentração de Dachau, Max Mannheimer, afirmou que as pessoas precisam aprender com os eventos mais sombrios da História. "A partir da lembrança deve-se também emergir uma consciência de responsabilidade", acrescentou.
O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, teme estar vendo um aumento das atitudes discriminatórias na sociedade atual. "Quando eu vejo hoje como alguns cidadãos atiçam o ódio contra refugiados ou como é falado de forma depreciativa sobre judeus, eu me pergunto: quanto o bem da dignidade humana realmente está fixado na cabeça das pessoas?", questionou.
Aberto pelos nazistas em março de 1933, apenas algumas semanas depois de Adolf Hitler tomar o poder, o campo de concentração de Dachau era destinado a prisioneiros políticos e foi o primeiro a ser construído na Alemanha. O modelo foi expandido para todos os outros campos de concentração.
Ao todo, mais de 200 mil judeus, homossexuais, oponentes políticos, deficientes e prisioneiros de guerra, passaram por Dachau, sendo que mais de 41 mil foram mortos ou executados até 29 de abril de 1945, quando as tropas americanas libertaram os prisioneiros o local.
Hoje o memorial do campo de concentração atrai anualmente 800 mil visitantes.