A revista Charlie Hebdo, alvo de um ataque mortal de um comando jihadista em janeiro de 2015, chega na próxima quarta-feira (18) às bancas com uma capa dedicada aos atentados da última sexta-feira (13) em Paris: "Eles têm armas. Que se f..., nós temos champanhe".
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A capa, assinada pela desenhista Coco, mostra um homem em atitude festiva, garrafa e taça de champanhe na mão, com o corpo repleto de buracos de bala por onde escapa o vinho espumoso, sobre o fundo vermelho.
O desenho é uma referência direta aos ataques de sexta-feira (13), todos em lugares vinculados ao lazer, como a casa de shows Bataclan, o Stade de France e vários bares e restaurantes, que deixaram 129 mortos.
Alguns destes pontos estão muito próximos à sede do Charlie Hebdo, onde em 7 janeiro os irmãos Sherif e Saïd Kouachi assassinaram 12 pessoas, entre eles o diretor da publicação, Charb, e cartunistas emblemáticos como Cabu e Wolinski.
"Imaginávamos que aos atentados de janeiro se seguiriam outros. Esperávamos, resignados, que nos caísse sobre a cabeça, como um espada de Damocles", indica o desenhista e atual diretor da publicação, Riss, no editorial da revista que estará nas bancas.
O diretor da publicação pediu que "não cedam, nem ao medo nem à resignação. É a única resposta possível".
O texto pediu também que seja retomado o debate sobre o islã, transformado "há 20 anos em um campo de batalha onde os radicais querem exterminar os não crentes e submeter os moderados à força".
Em uma charge publicada no site da revista, Charlie Hebdo mostra três fantasmas com boinas pretas e baguetes, em alusão ao modo de vida francês, com a frase: "Os franceses retornam à vida normal".
Em outra, publicada também na internet, aparece um terrorista suicida francês que pode ser visto como um dândi, esbelto e elegante, oposto ao perfil dos que realizaram os massacres em Paris.
A publicação, que se distingue por suas críticas aos extremismos religiosos de todo tipo, foi alvo dos ataques terroristas por ironizar em diversas edições o profeta Maomé.
Após o atentado de janeiro, Charlie Hebdo retornou às bancas com uma capa em que Maomé aparecia chorando e a manchete "Tudo está perdoado".
Na imagem, o profeta segurava um cartaz que reproduzia o slogan popularizado após essas ações, "Je suis Charlie".