Charlie Hebdo satiriza atentados em Paris em capa de edição

"Eles têm armas. Que se f..., nós temos champanhe", diz a frase que estampa a ilustração

17 nov 2015 - 17h42
(atualizado às 19h05)
Capa da próxima edição da revista Charlie Hebdo satiriza os atentados em Paris
Capa da próxima edição da revista Charlie Hebdo satiriza os atentados em Paris
Foto: EFE

A revista Charlie Hebdo, alvo de um ataque mortal de um comando jihadista em janeiro de 2015, chega na próxima quarta-feira (18) às bancas com uma capa dedicada aos atentados da última sexta-feira (13) em Paris: "Eles têm armas. Que se f..., nós temos champanhe".

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A capa, assinada pela desenhista Coco, mostra um homem em atitude festiva, garrafa e taça de champanhe na mão, com o corpo repleto de buracos de bala por onde escapa o vinho espumoso, sobre o fundo vermelho.

O desenho é uma referência direta aos ataques de sexta-feira (13), todos em lugares vinculados ao lazer, como a casa de shows Bataclan, o Stade de France e vários bares e restaurantes, que deixaram 129 mortos.

Alguns destes pontos estão muito próximos à sede do Charlie Hebdo, onde em 7 janeiro os irmãos Sherif e Saïd Kouachi assassinaram 12 pessoas, entre eles o diretor da publicação, Charb, e cartunistas emblemáticos como Cabu e Wolinski.

"Imaginávamos que aos atentados de janeiro se seguiriam outros. Esperávamos, resignados, que nos caísse sobre a cabeça, como um espada de Damocles", indica o desenhista e atual diretor da publicação, Riss, no editorial da revista que estará nas bancas.

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O diretor da publicação pediu que "não cedam, nem ao medo nem à resignação. É a única resposta possível".

O texto pediu também que seja retomado o debate sobre o islã, transformado "há 20 anos em um campo de batalha onde os radicais querem exterminar os não crentes e submeter os moderados à força".

Em uma charge publicada no site da revista, Charlie Hebdo mostra três fantasmas com boinas pretas e baguetes, em alusão ao modo de vida francês, com a frase: "Os franceses retornam à vida normal".

Em outra, publicada também na internet, aparece um terrorista suicida francês que pode ser visto como um dândi, esbelto e elegante, oposto ao perfil dos que realizaram os massacres em Paris.

A publicação, que se distingue por suas críticas aos extremismos religiosos de todo tipo, foi alvo dos ataques terroristas por ironizar em diversas edições o profeta Maomé.

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Após o atentado de janeiro, Charlie Hebdo retornou às bancas com uma capa em que Maomé aparecia chorando e a manchete "Tudo está perdoado".

Na imagem, o profeta segurava um cartaz que reproduzia o slogan popularizado após essas ações, "Je suis Charlie".

  
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