Apesar do discurso de união que paira entre os franceses, a comunidade muçulmana tem observado um aumento do número de casos de islamofobia, que vão desde ataques a templos religiosos até ameaças nas ruas. O Coletivo Contra a Islamofobia na França (CCIF), uma associação que orienta vítimas de atos de preconceito e agressão, diz que houve uma “explosão” de denúncias desde quarta-feira passada, depois do ataque à redação da revista satírica Charlie Hebdo.
“Já são cerca de 80 casos de islamofobia que recebemos, como ataques, degradação e tiros em prédios, insultos. É um número enorme, uma verdadeira explosão”, diz Hafid Bouzadi, um dos membros do coletivo, enquanto saía do enterro do policial Ahmed Merabet, executado à queima roupa pelos terroristas Cherif e Said Kouachi, após o atentado à redação.
No cemitério muçulmano de Bobigny, no subúrbio de Paris, o enterro de Ahmed recebeu centenas de pessoas. “Um bom muçulmano”, diz a vizinha Linda, cuja família é muito próxima aos parentes do policial. “Não era extremista. Um homem muito gentil e ambicioso.”
Apesar do esforço em diferenciar os seguidores do Islã dos extremistas, a preocupação do aumento da islamofobia é uma realidade. “Eu me sinto ameaçada quando porto o hijab (véu que cobre o cabelo), não uso na rua. Coloquei aqui porque estou numa cerimônia. Os muçulmanos só se sentem bem quando estão entre eles”, diz a secretária administrativa Kahine, que também acompanhava o enterro. As ameaças contra mulheres representam 85% das denúncias recebidas pelo CCIF.
Para Kahine, o governo francês contribui para estigmatizar os muçulmanos e a dividir o país quando determinou, na última segunda-feira, a proteção de 717 locais de culto e ensino judaicos. “Respeitamos nossos irmãos judeus, mas infelizmente a França faz uma divisão”, diz.
A mesma preocupação é manifestada por Arnaud, um jovem agente da companhia de trens da França. “Eu, pessoalmente, penso que o governo procura apontar o dedo: é essa comunidade. E é o governo que pode fazer a islamofobia crescer”, disse, enquanto comprava um livro em frente à Grande Mesquita de Paris.
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Franceses pregam união, mas islamofobia ronda país
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“Os que vão ser primeiramente estigmatizados são os muçulmanos. A gente entende a proteção nas sinagogas e nas escolas, mas e os muçulmanos? Já se sabe de ataques a mesquitas depois dos atentados”, acrescentou.
Entre os seguidores do Islã, o consenso é que os terroristas que usam a religião para matar não os representam. “Um assassino é um assassino. Um assassino não pode pertencer a nenhuma religião. Ele está contra as leis de Deus”, diz o responsável pela livraria, que pediu para não ser identificado.
Nesta terça-feira, policiais fortemente armados chegaram para reforçar a segurança no entorno da Grande Mesquita de Paris. A vigilância sem distinções é defendida pelo rabino Phillipe Haddad, da sinagoga da rua Copernique, em Paris.
“Temos que proteger as mesquitas também, os prédios do Estado, não temos escolha”, disse o religioso, que foi ao enterro do policial muçulmano morto. “Evidentemente que vai haver reações de violência islamofóbicas. É importante reafirmar a unidade nacional. Essas diferenças religiosas devem ser entendidas como uma harmonia cultural, e não de conflito entre os homens e as religiões”, afirmou.
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O reitor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, disse ter ficado emocionado com a ida de representantes da comunidade judaica no enterro de Ahmed. “Eu acredito até o fim que nosso país é um país de paz, que todos temos os mesmos direitos.”
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Milhares de pessoas se reúnem na Praça da República em Paris, para paricipar da manifestação em homenagem às vítimas dos ataques terroristas à capital francesa
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Manifestantes exibem placas com a seguinte mensagem: " Je Suis Charlie", em referência à revista de humor atacada por dois irmãos terroristas
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Manifestantes sobem no monumento da Praça da República, que expõe os valores exaltados pela França: liberdade, igualdade e fraternidade
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Milhares de pessoas foram convocadas a participar da Marcha da Unidade, em Paris
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Manifestante exibe uma bandeira da França durante concentração na Praça da República
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Manifestação é realizada em memória das vítimas dos autores dos atentados contra a revista de humor Charlie Hebdo e a um mercado judaico de Paris
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O ex-presidente Nicolas Sarkozy recebe os cumprimentos do atual líder francês, François Hollande, no Palácio do Eliseu
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O primeiro ministro espanhol, Mariano Rajoy, é recebido pelo presidente francês antes do início das manifestações
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O rei da Jordânia, Abdullah, e a esposa, a rainha Rania, também foram a Paris para participar das homenagens
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, cumprimenta o presidente da França, François Hollande
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acena para os jornalistas ao ser recebido por Hollande no Palácio do Eliseu
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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, é recepcionado pelo colega François Hollande na sua chegada ao Palácio do Eliseu
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Autoridades da Alemanha, Espanha, Jordânia, Israel, Reino Unido e de vários outros países se juntam ao presidente François Hollande durante a marcha pela liberdade
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O presidente francês, François Hollande, conforta o colunista do Charlie Hebdo Patrick Pelloux durante a marcha pela liberdade
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De braços dados, líderes mundiais marcham pela liberdade de expressão e em homenagem aos mortos nos atentados de Paris
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Manifestantes percorrem as ruas de Paris durante marcha pela liberdade
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Jovem francesa desenha dois lápis sendo atingidos por avião, de modo similar ao ataque as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001
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Familiares de vítima carregam cartaz "Eu sou Michael Saada" durante a marcha em Paris
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Ao todo, 40 líderes mundiais perfilam com os braços entrelaçados em passeata em Paris, em torno do presidente francês, François Hollande
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Chinesa carrega cartaz em homenagem ao jornal alvo dos ataques na última quarta-feira, em francês e chinês
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Cartaz que foi o mote da manifestação, "Eu sou Charlie" é visto no meio da manifestação
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Lápis virou símbolo dos manifestantes contra o ódio provocado pelos extremistas nos atentados em Paris
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Colunista do Charlie Hebdo, Patrick Pelloux muito emocionado durante a marcha pela liberdade
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Homem toca estátua pichada ao lado do símbolo da marcha, "Je Suis Charlie"
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Franceses acedem velas com cair da noite na marcha pela liberdade em Paris
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Uma mulher acende uma luz e reverência os quatro cartunistas mortos no ataque à revista Charlie Hebdo
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Vista geral da marcha pela liberdade neste domingo
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Homem usa lápis durante ato em Paris em homenagem aos cartunistas mortos
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Franceses carregam bandeira do país e faixas em homenagem às vítimas do ataque
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Pessoas escalam monumento em Paris durante ato neste domingo
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Velas são acesas na praça da Liberdade em Paris
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Pessoas escalam o monumento da Queda da Bastilha durante os últimos momentos da marcha pela liberdade
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu chega a Grande Sinagoga de Paris para discurso em homenagem às vítimas do ataque ao mercado kosher
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Premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e presidente francês, François Hollande, lado a lado na Grande Sinagoga de Paris