O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi assinou neste sábado um abaixo-assinado pedindo uma reforma do sistema judiciário, enquanto tenta evitar uma possível expulsão do Senado após sua condenação.
De acordo com uma lei aprovada no ano passado, durante o governo de Mario Monti, o magnata das comunicações não poderá continuar a servir no Senado, depois de ter sido condenado a quatro anos de prisão por evasão fiscal, uma sentença confirmada definitivamente em julho pelo Tribunal de Cassação.
Embora tenha votado a favor dessa lei, o seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), contesta a sua validade.
A partir de 9 de setembro, uma comissão do Senado deve começar a examinar o eventual afastamento do magnata. O Partido Democrata (PD, esquerda) , que atualmente governa com o PDL em uma coalizão de esquerda-direita, já anunciou que votará pelo afastamento do bilionário.
"É um absurdo que uma força democrática como o PD acredite que uma outra força aliada continue a trabalhar com ele no governo, se for privada de seu fundador e líder", declarou Berlusconi à imprensa. "Espero que o governo consiga se manter", acrescentou.
Uma retirada do PDL da coalizão derrubaria automaticamente o governo e pode mergulhar a Itália em uma nova crise política, no momento em que o país tenta se recuperar da recessão.
Berlusconi denuncia há anos a justiça italiana, que acusa de ser politizada e de liderar uma cruzada contra ele. Ele descreveu a última sentença do Tribunal de Cassação de "alucinante" e defendeu sua inocência. Também recorreu da sentença de sete anos de prisão por prostituição de menores e abuso de poder no processo "Rubygate".
"Essas condenações são puramente políticas e visam a me eliminar para que outros se apoderem definitivamente do poder ", reiterou ele neste sábado em Roma ao assinar a petição pela organização de seis referendos para reformar o sistema judicial.
A petição foi lançada pelo Partido Radical, uma pequena, mas influente, formação, que ganhou notoriedade nas décadas de 1970 e 1980 por sua luta em defesa dos direitos civis. O abaixo-assinado defende a limitação da prisão preventiva e a responsabilidade dos juízes em caso de erro judiciário.
Apesar dos problemas legais de seu mentor, o PDL lidera as pesquisas. De acordo com uma sondagem realizada pela SWG, 27,9 % dos italianos votariam no partido. O PD receberia 24 % dos votos e o Movimento Cinco Estrelas, 20,1%.
Essas três formações políticas compartilharam cerca de um terço dos votos nas últimas eleições parlamentares, em fevereiro, com o PD à frente. A pesquisa foi realizada no início desta semana, antes de o governo anunciar a retirada de um impopular imposto sobre a propriedade.