Conflito na Ucrânia cancela visita a local da queda do avião

Dez dias após a queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur com 298 pessoas a bordo, ainda existem restos de corpos e do avião espalhados pela zona

27 jul 2014 - 10h43
<p>Presidente ucraniano é visto testando armas, durante uma vista de demonstração de novo armamento na base militar de Kiev</p>
Presidente ucraniano é visto testando armas, durante uma vista de demonstração de novo armamento na base militar de Kiev
Foto: Mykhailo Markiv / Reuters

Policiais holandeses e australianos, acompanhados pela OSCE, cancelaram neste domingo uma visita ao local onde o avião da Malaysia Airlines foi derrubado, em meio aos combates entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos.

Os disparos de artilharia eram ouvidos a apenas um quilômetro do local do impacto do avião e se erguia uma coluna de fumaça negra, observou um fotógrafo da AFP, que viu pessoas fugindo. Os insurgentes abandonaram um de seus postos de controle.

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Dez dias após a queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur com 298 pessoas a bordo, ainda existem restos de corpos e do avião espalhados pela zona, na qual os inspetores têm apenas um acesso limitado.

Trinta especialistas médicos-legais holandeses e uma equipe de policiais desarmados deste país e da Austrália se preparavam neste domingo para visitar o local pela manhã, mas precisaram desistir por motivos de segurança.

"Continuam ocorrendo combates. Não podemos nos arriscar", declarou Alexander Hug, vice-diretor da missão especial na Ucrânia da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que supervisionava a viagem.

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"As condições de segurança em direção ao local e no próprio local são inaceitáveis para uma missão de observadores desarmados", acrescentou, afirmando que poderão tentar se aproximar na segunda-feira.

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Em Haia, o ministério da Justiça confirmou que sua equipe permanecerá em Donetsk, reduto dos insurgentes a 60 km do local da catástrofe.

"A situação ainda é muito instável", indicou.

Pouco antes desta retomada das tensões, o governo malaio havia anunciado um acordo com os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia sobre a mobilização de uma missão policial internacional para garantir a segurança do local e permitir uma investigação independente.

A missão estará composta por 68 policiais malaios que partirão na quarta-feira de Kuala Lumpur em direção ao local e de forças holandesas e australianas - os dois países perderam respectivamente 193 e 28 cidadãos na tragédia -, anunciou o governo malaio em um comunicado.

As tropas holandesas e australianas aguardam há dias para viajar à Ucrânia.

A Holanda lidera o processo de identificação das vítimas e realiza uma investigação para esclarecer o ocorrido com o avião derrubado por um míssil.

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Kiev e os Ocidentais acusam os insurgentes pró-russos e seus protetores no Kremlin.

Uma equipe médica-legal holandesa já havia visitado a região, mas não a polícia científica encarregada da investigação, devido à falta de segurança.

Muitos corpos já foram enviados à Holanda, onde uma primeira vítima foi identificada no sábado.

O trabalho dos especialistas é comprometido pelos combates entre o exército de Kiev e os separatistas que se intensificam na região, apesar de um cessar-fogo frágil declarado nos arredores da zona do impacto.

A cidade de Donetsk, a maior da região e que serviu de base aos observadores internacionais e jornalistas que viajam diariamente ao local da catástrofe, foi alvo de intensos disparos e bombardeios durante a noite.

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Ignorando as advertências de segurança, um casal de australianos cuja filha morreu na queda do avião viajou ao local da tragédia no sábado sem nenhum tipo de escolta.

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"Era cheia de vida", declarou Angela Rudhart-Dyczynski, referindo-se a Fátima, de 25 anos, estudante de engenharia aeroespacial.

Os insurgentes pró-russos, criticados em nível internacional por sua gestão do local da catástrofe e pelo tratamento reservado aos corpos, declararam ter enviado às autoridades holandesas pertences das vítimas.

Em Bruxelas, a União Europeia (UE) prepara novas sanções contra a Rússia, acusada de entregar armas aos insurgentes, acusados, por sua vez, da queda do avião.

A UE considera sanções dirigidas a setores econômicos concretos, incluindo um embargo sobre as armas, e na terça-feira deve revelar o nome de novas personalidades e entidades sancionadas.

Moscou considerou a iniciativa irresponsável e alertou que coloca em risco a cooperação em temas de segurança.

Enquanto isso, em Kiev, os deputados se reúnem durante a semana para analisar o futuro do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, após sua renúncia pelo colapso de sua coalizão.

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