A bandeira da Rússia já foi hasteada em todas as unidades militares ucranianas e navios de guerra da Marinha da Ucrânia na Crimeia, anunciou nesta quarta-feira o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov.
"No dia 26 de março, as bandeiras da Federação Russa foram hasteadas nos 193 destacamentos militares e sedes administrativas das Forças Armadas da Ucrânia na Crimeia", disse o general russo aos jornalistas.
O caça-minas "Cherkassy", preso nas águas do lago Dozuzlav de onde não pôde sair para o mar aberto depois que os russos afundaram três embarcações suas para impedir sua passagem, foi o último navio de guerra ucraniano a cair nas mãos dos russos no final da noite de ontem depois de uma invasão que durou mais de duas horas.
Após repelir várias tentativas de invasão e tentar inclusive atravessar um corredor estreito entre os navios russos afundados, o "Cherkassy" foi tomado ontem à noite pelas tropas russas.
A invasão do caça-minas começou com a perseguição e assédio, por mais de uma hora, de dois helicópteros e três lanchas russas, de onde foram efetuados disparos de metralhadora na água para intimidar a tripulação do navio ucraniano.
O "Cherkassy" se defendeu com bombas de fumaça para despistar os russos, além de explosivos e jatos d'água, explicou o tripulante de patente mais alta da embarcação, Alexandr Gutnik, que informou por telefone ao jornal digital "Ukrainskaya Pravda", em tempo real, os detalhes da invasão.
Os russos obrigaram finalmente a tripulação, formada por 61 pessoas, a ancorar o navio depois de explodir várias granadas contra o casco da embarcação, fazendo com que os marinheiros tivessem que se refugiar na sala de comando.
Os tripulantes se renderam pouco depois, quando um numeroso grupo de forças especiais abordou o "Cherkassy" em três lanchas rápidas russas. "Acabou. Fomos invadidos. Ninguém da tripulação sofreu ferimentos. Não nos agrediram, estamos todos bem", disse Gutnik três horas depois do início do ataque.
Construído em 1977, o caça-minas tem 61 metros de comprimento, está equipado com canhões, peças de artilharia antiaérea e metralhadoras.
A Rússia anunciou hoje que os militares ucranianos alocados na Crimeia começarão a deixar a península nesta quarta-feira e o farão em um trem, sem seus armamentos e equipamentos.
A Ucrânia, que ordenou a retirada de suas tropas da Crimeia há dois dias quando já tinha perdido praticamente todas as suas unidades e navios na península, negociou até o último momento a possibilidade de sair com seus armamentos, veículos e equipamentos.
O ex-ministro da Defesa ucraniano, Igor Teniukh, garantiu ontem, antes de apresentar sua renúncia, que os 4 mil soldados ucranianos que desejam continuar a serviço da Ucrânia (de um total de quase 19 mil) deixariam a Crimeia com todo o seu equipamento.
A maior parte dos destacamentos, bases e navios de guerra que se mantiveram leais a Kiev foram invadidos e tomados pelas forças russas desde o último sábado, em meio à absoluta inoperância da cúpula militar e política do país, denunciada como negligente por muitos oficiais ucranianos.
Pelo menos cinco oficiais ucranianos, entre eles o comandante adjunto da Marinha da Ucrânia para a defesa do litoral, o general Igor Voronchenk, foram detidos pelas autoridades da Crimeia por oferecerem resistência aos russos.