Crimeia vota em referendo sobre anexação à Rússia

16 mar 2014 - 09h00
(atualizado às 09h28)

Um milhão e meio de eleitores da península ucraniana da Crimeia votavam neste domingo em um referendo sobre a anexação do território à Rússia, uma consulta que tem o apoio de Moscou mas é considerada ilegal pelos países ocidentais.

"É um momento histórico, todo mundo será feliz", disse o primeiro-ministro pró-Moscou da Crimeia, Serguei Axionov, depois de votar na capital Simferopol.

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Os habitantes desta região do sul da Ucrânia, onde permanecem mobilizadas forças e milícias pró-Rússia, devem decidir entre a união à Federação Russa ou a continuidade na Ucrânia com mais autonomia.

Segundo as previsões, o resultado será favorável à anexação. Os locais de votação fecharão as portas às 20h00 (15H00 de Brasília) e os resultados definitivos serão anunciados durante a manhã de segunda-feira, anunciou a comissão eleitoral.

Mas ainda neste domingo devem ser divulgadas estimativas.

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Vários idosos votaram no início da manhã.

"Tudo será mais fácil. Sou completamente a favor da Rússia", declarou Raisa, uma russa de 77 anos.

Em Sebastopol, que abriga a frota russa no Mar Negro há mais de 200 anos, Aleftina Klimova, nascida na Rússia, disse que não conseguiu dormir.

"Esperava que Estados Unidos, França, todos eles, ficassem contra. Temia por (o presidente russo Vladimir) Putin. Não dormi durante a noite, esperando o momento e tudo acontece como eu queria", contou.

Em Bakhshisarai, principal cidade da comunidade muçulmana tártara da Crimeia, cujos líderes defenderam o boicote ao referendo, apenas os ucranianos de origem russa compareciam aos locais de votação.

A Crimeia foi historicamente parte da Rússia até que a União Soviética cedeu o território à Ucrânia em 1954, por decisão de Nikita Krushceov. Moscou, no entanto, manteve no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro.

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A população em sua maioria fala russo e é favorável à anexação. As minorias ucraniana e tártara, que representam 37% da população, pediram o boicote do referendo.

Os eleitores devem optar entre "a reunificação com a Rússia como membro da Federação Russa" ou o retorno do status de 1992, que nunca foi aplicado, que dá mais autonomia à região.

A opção de manter o status atual dentro da Ucrânia não é uma das opções.

O governo ucraniano considera o referendo "ilegal" e "inconstitucional", mas não tem meios para impedir a votação.

Após a destituição do presidente Viktor Yanukovytch em 22 de fevereiro e a posse em Kiev de um novo governo pró-Ocidente, civis armados pró-Moscou, com o apoio de militares russos, tomaram o controle da Crimeia.

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Os países ocidentais chamaram o referendo de "ilegítimo" por acontecer em um território ocupado por um exército estrangeiro. Também advertiram que o resultado não será reconhecido pela comunidade internacional.

União Europeia e Estados Unidos anunciaram que pretendem aplicar sanções contra a Rússia.

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