Cúmplice de sequestrador de mercado judaico estaria na Síria

Uma fonte de segurança turca alegou que a suspeita não foi detida pelas autoridades de Ancara devido à falta de informações por parte do governo francês

10 jan 2015 - 20h27
(atualizado em 11/1/2015 às 08h57)
<p>Hayat Boumeddiene é companheira de Amedy Coulibaly, autor do atentado contra um mercado judaico em Paris</p>
Hayat Boumeddiene é companheira de Amedy Coulibaly, autor do atentado contra um mercado judaico em Paris
Foto: AP

Hayat Boumeddiene, a companheira do homem que matou uma policial e manteve vários reféns em um mercado especializado em produtos judaicos, em Paris, entrou na Turquia em 2 de janeiro e, agora, estaria na Síria - informou neste sábado uma fonte de segurança turca.

"Ela entrou na Turquia em 2 de janeiro (...) Achamos que ela tenha estado em Urfa (sudeste) uma semana depois, sem ter prova disso. A suspeita está, agora, provavelmente, na Síria", declarou a fonte consultada pela AFP, garantindo que a Turquia não prendeu Hayat Boumeddienne devido à falta de informações por parte do governo francês.

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Segundo a mesma fonte, a jovem tinha um bilhete de ida e volta Madri-Istambul.

Mais cedo, neste sábado, uma fonte policial francesa informou que Hayat, de 26 anos, estava em solo turco "desde o início de janeiro", sem especificar sua data de entrada.

Hayat é companheira de Amedy Coulibaly, um dos três "jihadistas" mortos pela polícia francesa na sexta-feira. A polícia da França divulgou um mandado de busca para determinar o papel da jovem no tiroteio deflagrado por Coulibaly, em Montrouge (sul de Paris), e se ela teria ajudado na tomada de reféns no mercado de produtos kasher, em Vincennes, na sexta.

A fonte de segurança turca alegou que a suspeita não foi detida pelas autoridades de Ancara por não terem sido informadas, pelo governo de Paris, sobre seu perfil perigoso.

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"Não houve troca de informação (de Inteligência). Por isso, não pudemos impedir (sua entrada na Turquia)", completou a fonte.

"Não podemos nos permitir o luxo de impedir quem quer que seja de entrar, sem informação", frisou.

"Se tivéssemos tido essa informação a tempo, teríamos podido extraditá-la", ressaltou a fonte da AFP, acrescentando que "a troca de informação (com Paris) é, a partir de agora, melhor do que em tempos normais".

A polícia francesa tinha difundido uma foto da jovem, advertindo, na ordem de captura emitida contra ela, que pode "estar armada" e ser "perigosa", antes de revelada sua provável fuga para o exterior.

De cabelos pretos e longos e rosto infantil, Boumeddiene é muito religiosa e usa o véu integral, o que a obrigou a renunciar ao emprego de caixa, segundo a imprensa francesa.

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Veja momento em que polícia invade mercado em Paris
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Filha de um entregador, faz parte de uma família de sete irmãos. Ela se casou no religioso com Coulibaly em 2009. Sua mãe morreu em 1994, ainda de acordo com a mesma fonte.

Em uma foto que circula pelas redes sociais, ela aparece usando um véu islâmico negro integral, que deixa apenas os olhos à mostra, e segurando uma balestra, um tipo de arma que dispara flechas.

As forças de segurança francesas buscavam Hayat Boumeddiene freneticamente neste sábado. Hoje, a polícia voltou ao mercado que foi cenário da tragédia para tentar recolher mais pistas que possam sugerir o paradeiro da jihadista.

Tanto Coulibaly como sua companheira mantinham contato regular com os irmãos Said e Chérif Kouachi, responsáveis pela matança na sede parisiense do "Charlie Hebdo".

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Os dois foram mortos na localidade de Dammartin-en-Goële, nordeste de Paris, quase ao mesmo tempo que Coulibaly.

Atentados em Paris: Tiros são ouvidos em mercado judeu
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A mulher de Chérif Kouachi, Izzana Hamyd, está detida desde quarta-feira, enquanto a companheira de Coulibaly se tornou a mulher mais procurada da França.

Segundo a procuradoria, Izzana Hamyd fez mais de 500 ligações telefônicas em 2014 para a mulher de Coulibaly, Hayatt Boumedienne.

De pais de origem malinense, Coulibaly justificou sua ação aos reféns, referindo-se à intervenção militar francesa no Mali e aos bombardeios ocidentais na Síria, em uma conversa gravada pela rádio francesa RTL.

Durante a tomada de reféns, o terrorista, reincidente, também ligou para outras pessoas, convocando-as a cometer mais atentados na capital - revelou uma fonte da segurança.

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Já os irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, estavam incluídos na "No Fly List" americana, que proíbe aqueles que a integram de voar para, ou dos Estados Unidos.

Antes de morrer, um dos irmãos jihadistas, Chérif Koucahi, disse ao canal BMFTV ter sido enviado pela Al-Qaeda ao Iêmen e que sua viagem ao país árabe foi custeada pelo islamita americano-iemenita Anwar al-Awlaki, morto naquele país, em setembro de 2011, no bombardeio de um "drone" americano.

Ele afirmou, ainda, que sua missão era agir na França por conta da Al-Qaeda na Península Arábica (Aqpa), braço da Al-Qaeda na Arábia Saudita e no Iêmen, que assumiu a operação.

Ao final de três dias de tensão e após o governo francês reconhecer falhas na segurança, o país se prepara para uma gigantesca manifestação em memória das vítimas, que reunirá vários dirigentes estrangeiros.

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Foto: Arte Terra

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