O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse neste domingo que a "Escócia está melhor como parte do Reino Unido" do que como Estado independente, um dia antes do governo britânico publicar um relatório defendendo a manutenção do território como parte da Grã-Bretanha.
"A Escócia decidirá a questão, mas o resultado afeta a todos no Reino Unido. A Escócia está melhor com a Grã-Bretanha, todos estamos melhor juntos do que separados", afirmou Cameron em declarações divulgadas pelo governo.
O Executivo britânico irá tornar público amanhã um relatório com o papel da Escócia dentro do Reino Unido e as vantagens de sua associação com a Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte.
Cameron afirma que só pretende mostrar os "fatos" para o eleitorado, mas o governo autônomo escocês o acusa de fazer campanha pelo "não".
O primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, publicou na terça-feira, por recomendação da Comissão Eleitoral, um documento sobre como seria a transição à independência se o "sim" vencesse no referendo de 2014.
A Comissão divulgou há poucos dias sua avaliação sobre o referendo e pediu a Londres e Edimburgo que em benefício dos eleitores definissem um "roteiro" para o período posterior à consulta se a Escócia se tornar independente.
Cameron afirmou hoje que o mundo não entenderia um rompimento no Reino Unido após Jogos Olímpicos tão bem sucedidos.
"O Reino Unido funciona e funciona bem. Por que rompê-lo?", perguntou-se o primeiro-ministro, que convidou os escoceses a utilizar "a cabeça além do coração" para decidir sobre seu futuro.
Os escoceses maiores de 16 anos poderão votar em 2014 em um referendo se querem permanecer ou sair do Reino Unido, depois que os governos de Londres e Edimburgo acertaram em outubro do ano passado as diretrizes da consulta.
"A Escócia dentro do Reino Unido tem o melhor de ambos os mundos. Por que mudar deputados escoceses e ministros (no governo britânico) por um embaixador escocês em Londres?", refletiu.
Cameron afirmou ainda que desde a união, em 1707, forjaram-se "laços indestrutíveis" entre a Escócia e o Reino Unido com a luta nas guerras mundiais, a criação do estado do bem-estar e da emissora pública BBC.
O primeiro-ministro, no entanto, disse que o território seria capaz de ser independente, "conheço de primeira mão a contribuição que os escoceses fizeram ao sucesso do Reino Unido", mas afirmou que a região sairá ganhando se permanecer na Grã-Bretanha.