Depois do Twitter, governo turco bloqueia acesso ao YouTube

Nesta quarta-feira, a justiça turca ordenou ao governo o fim do bloqueio do Twitter, motivo de uma enorme polêmica a poucos dias das eleições municipais de domingo

27 mar 2014 - 12h34
(atualizado às 16h16)
<p>O premiê turco discursa para a população durante uma cerimônia de abertura de uma nova linha de metrô em Ancara, em 13 de março</p>
O premiê turco discursa para a população durante uma cerimônia de abertura de uma nova linha de metrô em Ancara, em 13 de março
Foto: Umit Bektas / Reuters

O governo turco ordenou nesta quinta-feira o bloqueio do site YouTube, uma semana depois de ter feito a mesma coisa com o Twitter, depois da difusão de nova gravações piratas que questionam o regime, informou a imprensa turca.

A decisão referente ao YouTube foi comunicada aos servidores de internet e as operadoras turcas, informou o jornal Hurriyet em seu site.

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Na véspera, a justiça turca ordenou ao governo o fim do bloqueio do Twitter, motivo de uma enorme polêmica a poucos dias das eleições municipais de domingo, que parecem cada vez mais complicadas para o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

Um tribunal administrativo de Ancara, ao qual a oposição parlamentar e várias organizações não governamentais apresentaram recursos, considerou que a medida imposta pelo governo é "contrária aos princípios do Estado de direito" e ordenou à Autoridade Turca de Telecomunicações TIB) o fim do bloqueio.

O governo anunciou que iria acatar a decisão judicial.

Desde quinta-feira da semana passada, a TIB bloqueava o acesso à rede social, acusada pelo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan de propagar as acusações de corrupção contra o governo.

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Nos últimos dias, Erdogan tentou justificar a medida e denunciou "mentiras" e "ataques contra a segurança" do país. "O Twitter deve respeitar a lei turca", disse. "Não somos uma república das bananas", repetiu em vários comícios.

Em meio a uma campanha eleitoral tensa pelos casos de corrupção que atingem o governo, Erdogan anunciou na quinta-feira a sua intenção de proibir o Twitter; turcos protestaram contra medida "ditatorial"
Foto: AP

Na ocasião, o primeiro-ministro ameaçou fazer o mesmo com o YouTube e o Facebook.

O principal partido opositor, o Partido Republicano do Povo (CHP), comemorou a decisão. "É impossível deixar que um regime totalitário silencie a tecnologia", disse um dos vice-presidentes do CHP, Mrehan Halici.

Os 12 milhões de internautas turcos conseguiram em sua maioria burlar o bloqueio da rede social. A decisão, no entanto, provocou uma avalanche de críticas à "censura" imposta pelo governo islamita moderado, no poder desde 2002.

Em um clima eleitoral tenso, a oposição acusou Erdogan de atuar como um "ditador" e de querer impedir o avanço das investigações de corrupção que afetam várias pessoas ligadas ao chefe de Governo.

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O presidente turco Abdullah Gül, utilizador assíduo das redes sociais, criticou a medida.

"É uma situação desagradável para um país desenvolvido como a Turquia, um personagem regional de peso que está negociando com a União Europeia", disse o presidente.

Muitos países criticaram a decisão do governo.

O governo turco justificou o bloqueio total do Twitter com a impossibilidade de conseguir, apesar de "centenas" de decisões da justiça, que vários sites deixassem de divulgar trechos de conversas telefônicas gravadas ilegalmente que afetam Erdogan, aliados e ministros.

Nos últimos meses, o governo de Erdogan foi abalado por um vasto escândalo político-financeiro, que ele atribui a um rival político, o pregador muçulmano Fethullah Gülen, que mora nos Estados Unidos.

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O primeiro-ministro respondeu com uma série de punições na polícia e na justiça, suspeitas de infiltração de "gulenistas", assim como com a provação de uma polêmica lei sobre o controle da internet.

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