"Dissemos que íamos a um piquenique". Foi o que o sírio Mohammed contou a seus filhos antes de a família deixar a casa onde vivia na capital da Síria, Damasco, e partir rumo à Europa. Ele e sua família – mulher, três filhos, pai, mãe e irmãos - são alguns dos milhares de refugiados que buscaram abrigo na ilha de Lesbos, na Grécia, fugindo da guerra civil síria.
Ali a situação beira a calamidade pública, com novas embarcações repletas de sírios chegando a todo momento. "Tivemos de mentir. Não acho que foi uma mentira ruim", resigna-se Mohammed, aludindo à história que contou a seus filhos. "Dissemos a eles que estávamos mudando para um lugar onde poderiam ter uma educação e uma vida melhores", acrescenta.
Segundo Mohammed, a travessia entre a fronteira da Turquia e a Grécia foi horrível. "Foi horrível porque temos filhos e submetê-los a essa experiência não é algo que desejo a ninguém, mas não tínhamos escolha. Tentamos mostrar a eles que não estamos com medo. Tentamos não mostrar a eles que estamos muito tristes. Mas é muito difícil ter de abandonar sua casa", diz.
Segundo dados da Acnur (Agência da ONU para Refugiados), o total de refugiados sírios já ultrapassou os 4 milhões. A Europa vive a pior crise humanitária desde a 2ª Guerra Mundial. No mundo inteiro, o número de pessoas forçadas a abandonar suas casas por conta de guerras e perseguição bateu recorde: 59 milhões até o final de 2014, segundo a Acnur.