Um crime cometido há mais de 80 anos está prestes de ter solucionado o mistério que causou sua entrada na história da jurisprudência da Grã-Bretanha: a identidade da vítima, até hoje desconhecida.
Sabia-se apenas que se tratava de um homem, que foi atingido na cabeça com um bastão e colocado inconsciente dentro de um carro. O veículo foi em seguida incendiado, perto da cidade de Northampton, no centro do país, em 1930.
O autor do crime, Alfred Rouse, foi encontrado e condenado à pena de morte, mas levou a identidade de sua vítima para o túmulo.
Agora, uma equipe de cientistas da Universidade de Leicester diz ter recuperado uma amostra de DNA da vítima que pode ajudar a revelar sua identidade.
O DNA poderá ser comparado com o da família de uma pessoa que teria desaparecido na época. Uma mulher contatou a polícia recentemente dizendo que, ao investigar a árvore genealógica da família e após informações recebidas pela avó, passou a suspeitar que a vítima nesse caso teria sido um tio-avô dela.
Esse tio-avô, William Thomas Briggs, saiu de casa para uma consulta médica em novembro de 1930 e nunca mais voltou.
Acredita-se que Briggs tenha cruzado com Rouse, um comerciante de 36 anos que possivelmente queria forjar a própria morte.
Filhos ilegítimos
Rouse teria saído ferido de uma batalha na Primeira Guerra Mundial e sofria de um desvio de personalidade que lhe deixava com um "enorme apetite sexual".
Acredita-se que ele teria tido ao menos dois filhos ilegítimos e, ao ser obrigado pela Justiça a pagar pensão, teria mergulhado em problemas financeiros.
Na época, a polícia concluiu que Rouse provavelmente teria agredido um morador de rua, de quem ninguém sentiria falta caso desaparecesse. Antes de atear fogo ao carro com o homem dentro, ele deixou alguns de seus pertences próximo à vítima.
O carro ficou destruído, mas a placa ficou intacta, permitindo identificar e posteriormente prender Rouse, que fugira para a cidade de Cardiff.
Intrigada e determinada a encontrar respostas para a família, Hall contatou a polícia do condado de Northamptonshire em 2012, esperançosa de que o DNA colhido logo após o crime poderia revelar a identidade da vítima.
A família foi encaminhada para a Universidade de Leicester, onde uma equipe de cientistas conseguiu recuperar uma amostra de tecido obtida no exame póstumo, que havia sido arquivada juntamente com a mandíbula do homem no departamento de Medicina Forense do então London Medical College.
O desafio seria encontrar DNA mitocondrial suficiente para estabelecer uma comparação com o DNA da família de Samantha Hall.
"Felizmente, os cientistas encontraram DNA mitocondrial suficiente para compará-lo ao da família", informou um porta-voz da equipe.
O resultado do exame de DNA será revelado em um programa da BBC em uma data ainda a ser agendada.