O Estado Islâmico ameaçou "entrar" em Roma e citou pela primeira vez o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, que presidiu recentemente uma reunião da coalizão internacional contra o grupo terrorista.
A ameaça está na mais recente edição do Al-Naba, jornal de propaganda do EI, publicada nesta semana. No texto, o Estado Islâmico destaca a preocupação da "aliança dos cruzados" com a presença do grupo na África, especialmente no Sahel, cinturão árido situado ao sul do deserto do Saara.
"O ministro das Relações Exteriores italiano admitiu que não basta combater o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, mas que é preciso olhar para outras regiões, sustentando que a expansão do Estado Islâmico na África e no Sahel levanta preocupação", diz o texto.
"Não é por acaso que os cruzados e seus aliados se encontrem na Roma cruzada, e não há dúvidas de que os temores de Roma sejam justificados, uma vez que ela ainda está na lista dos principais alvos dos mujahidin (combatentes da jihad, a guerra santa islâmica)", acrescenta.
Segundo o texto, os mujahidin ainda "aguardam o cumprimento da promessa de Deus onipotente". "Essa é Jerusalém, aquela é Roma, e nós entramos nela", promete o grupo.
Reunião
A cúpula da coalizão anti-EI foi realizada em Roma no fim de junho, quando Di Maio propôs a criação de um grupo de trabalho para enfrentar a presença de jihadistas na África.
"A ameaça do EI é alarmante no continente africano, especialmente no Sahel, mas também em áreas da África Oriental, como o norte de Moçambique", disse o ministro.
Após a divulgação das ameaças do Estado Islâmico, o premiê da Itália, Mario Draghi, expressou "pleno apoio e profunda solidariedade a Di Maio". "A conferência presidida por ele foi um sucesso. O governo segue empenhado no combate ao terrorismo", garantiu.
O senador de extrema direita Matteo Salvini, ex-aliado e hoje rival do ministro das Relações Exteriores, também declarou "solidariedade contra qualquer tipo de ameaça e intimidação".
"Vamos nos empenhar ainda mais para que o EI e o extremismo islâmico sejam erradicados de uma vez por todas", acrescentou.
Já o ex-premiê Enrico Letta, líder da centro-esquerda na Itália, disse que as ameaças do grupo terrorista são "intoleráveis". O EI já fez diversas ameaças contra Roma, considerada pelos jihadistas como símbolo do cristianismo e dos "cruzados", já que abriga o Vaticano.
No entanto, até hoje a Itália não sofreu nenhum atentado terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico.