Em discurso, Papa pede criação de Estado Palestino

Pontífice falou ainda sobre combate ao EI e sobre ataques em Paris

12 jan 2015 - 10h10
Papa discursou nesta segunda-feira e falou sobre diversos temas mundiais
Papa discursou nesta segunda-feira e falou sobre diversos temas mundiais
Foto: Osservatore Romano / Reuters

Em discurso ao corpo diplomático do Vaticano nesta segunda-feira, o papa Francisco pediu a retomada das negociações entre Israel e Palestina e a criação de dois Estados. "[Que o Oriente Médio] possa recomeçar as negociações entre as duas partes, com intenção de fazer cessar a violência e a chegar a uma solução que permita tanto ao povo palestino como aos israelenses viverem em paz, com fronteiras claramente definidas e reconhecidas internacionalmente. Assim, a solução da criação dos dois Estados se tornará efetiva", discursou.

Durante a audiência na Santa Sé, o Pontífice voltou a destacar que o mundo vive uma "verdadeira guerra mundial combatida em partes" e que o "Oriente Médio sem cristãos ficará desfigurado e mutilado". Ele ainda lembrou a carta que enviou à região pelo Natal e assegurou que os moradores de lá não saem de suas orações. "Para que todas as comunidades cristãs, que dão um testemunho de fé e de coragem, desenvolvam um papel fundamental como artífices de paz, de reconciliação e de desenvolvimento nas respectivas sociedades a que pertencem", destacou.

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Sem citar o nome Estado Islâmico (EI), o líder da Igreja Católica afirmou que é necessário ter uma "resposta unânime" da comunidade internacional. "Pelas agressões injustas, é preciso uma decisão unânime que, no quadro do direito internacional, pare a propagação da violência, restabeleça a concórdia e sare as profundas feridas que os desdobramentos dos conflitos provocaram", disse.

Ele ainda voltou a pedir que "os líderes religiosos, políticos e intelectuais, especialmente muçulmanos, condenem qualquer interpretação fundamentalista e extremista da religião". Destacando o fundamentalismo religioso, Jorge Mario Bergoglio falou que ele, além de "perpetrar horrendos massacres, refuta Deus para um mero protesto ideológico". Ainda no tema terrorismo, o Papa voltou a falar sobre os atentados de Paris na última semana.

Segundo o líder, o ataque "nasceu de uma cultura que rejeita o outro, rompe os laços mais íntimos e verdadeiros com o fim de dissolver e desintegrar toda a sociedade e para gerar violência e morte".

Guerras locais

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No dia em que o Paquistão lembra o primeiro mês da tragédia da escola militar de Peshawar, que matou 141 pessoas - entre as quais 132 crianças e adolescentes, o Pontífice destacou que "desejo renovar as minhas condolências às suas famílias e asseguro as minhas orações por tantos inocentes que perderam a vida".

Já sobre a Ucrânia, Bergoglio afirmou que o país virou um "dramático cenário de confrontos" e pediu que, "através do diálogo, se consolidem os esforços para cessar as hostilidades" e que "as partes envolvidas renovem o espírito através das leis internacionais e encontrem um sincero caminho de confiança recíproca e de reconciliação fraterna para superar a atual crise".

O sucessor de Bento XVI também lembrou os confrontos na Nigéria, dizendo que "as formas de brutalidade" no local fazem vítimas entre as crianças e as pessoas indefesas. Ele lembrou ainda o "trágico fenômeno" dos sequestros e disse que é preciso erradicar o rapto de meninas para serem vendidas como objetos.

O líder da Igreja Católica pediu ainda uma atenção especial aos ataques e guerras que ocorrem por todas as partes do continente africano, como no Congo e no Sudão do Sul. Além de se preocupar com o fim dos conflitos, Bergoglio também lembrou a situação das mulheres nas zonas de guerra.

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"Não se pode esquecer que as guerras trazem consigo outro crime horrível, que é o estupro. Isso é uma gravíssima ofensa à dignidade das mulheres, que não são só violentadas na intimidade de seu corpo, mas também na sua alma. Esse é um trauma que dificilmente será esquecido e que traz ainda consequências de caráter social", ressaltou.

Ebola

O Papa discursou também que "entre os leprosos de nosso tempo, estão as vítimas desta nova e tremenda epidemia de ebola". Ele aproveitou para elogiar o empenho dos médicos, enfermeiros, religiosos e voluntários que estão ajudando a confortar e curar os doentes. Porém, renovou seu apelo para que "toda a comunidade internacional aja e forneça uma adequada assistência humanitária às pessoas".

EUA x Cuba

O Pontífice relembrou a volta das conversas entre Cuba e Estados Unidos e disse que esse é um "exemplo" de como o diálogo "pode edificar e construir pontes". Ele ainda saudou positivamente a decisão dos norte-americanos de fechar a prisão de Guantánamo e agradeceu a "generosa disponibilidade de alguns países" em receber os presidiários.

Irã

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Bergoglio ainda pediu que o acordo nuclear do Irã seja resolvido "rapidamente" e elogiou os esforços feitos até o momento nessa direção.

Itália

Sobre a grave crise econômica que vive a Itália, Francisco disse que envia um "pensamento especial de esperança" porque no atual clima de "incerteza social, política e econômica, o povo italiano não ceda à falta de vontade e a tentação dos conflitos". Ele ainda pediu que os italianos "redescubram" os valores de atenção recíproca e solidariedade que são base de sua cultura e de convivência civil, "especialmente para os jovens". 

Fonte: Ansa
Fonte: Terra
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