EUA criticam Rússia após alerta sobre fornecimento de gás

Putin advertiu hoje que a Rússia poderia interromper fornecimento de gás à Europa

10 abr 2014 - 20h03
(atualizado às 20h04)
Foto: AP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nesta quinta-feira que o fornecimento de gás russo para a Europa poderia ser interrompido se o governo cortar o fluxo para a Ucrânia por causa de contas não pagas, o que levou os Estados Unidos a acusarem o país de usar a energia "como uma ferramenta de coerção".

Em uma carta aos líderes de 18 países europeus, Putin deixou claro que sua paciência iria se esgotar quanto à dívida ucraniana de 2,2 bilhões de dólares, a menos que uma solução possa ser negociada com urgência.

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A Rússia praticamente dobrou o preço do gás que cobra da Ucrânia, cuja economia está em crise, desde que o presidente ucraniano pró-Moscou Viktor Yanukovich foi derrubado há dois meses. Após a destituição dele, a Rússia anexou a região ucraniana da Crimeia, provocando o maior confronto com o Ocidente desde a Guerra Fria.

Putin disse que a empresa russa Gazprom, exportadora do gás, vai exigir da Ucrânia pagamento antecipado para o fornecimento de gás e, "no caso de mais uma violação das condições de pagamento, as entregas do gás cessarão total ou parcialmente".

Isso poderia ter repercussões para os países da União Europeia, dos quais boa parte do gás que utilizam flui em tubulações através da Ucrânia. "Percebemos perfeitamente que isso aumenta o risco de (a Ucrânia) desviar gás natural que passa pelo território da Ucrânia e vai para os consumidores europeus", diz a carta.

A Rússia supre 30 por cento da demanda de gás natural da Europa e metade disso atravessa a Ucrânia.

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Os Estados Unidos acusaram Moscou de usar suas vastas reservas de energia para pressionar a ex-república soviética.

"Nós condenamos os esforços da Rússia para utilizar a energia como uma ferramenta de coerção contra a Ucrânia", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

A Gazprom, controlada pelo Estado, parou de bombear gás para a Ucrânia durante as disputas de preços nos invernos de 2005-2006 e 2008-2009, levando à redução dos suprimentos nos países europeus.

As autoridades russas dizem que as negociações de gás com a Ucrânia são puramente comerciais e que foram forçadas a agir depois que o governo ucraniano não conseguiu cumprir um prazo na segunda-feira para pagar por seus suprimentos de março.

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Anistia

Na Ucrânia, os separatistas pró-russos que ocupam dois edifícios oficiais nas cidades orientais de Donetsk e Luhansk rejeitaram uma oferta do governo de uma anistia em troca da deposição das armas.

Isso levantou temores de que as autoridades possam pôr em prática uma ameaça de usar a força para retomar os prédios, que estão ocupados desde o último fim de semana.

Manifestantes vestindo coletes à prova de bala e armados com fuzis Kalashnikov ocupam uma antiga sede da KGB em Luhansk e disseram que irão depor as armas apenas se o governo ucraniano concordar em realizar um referendo sobre o futuro da região, onde a maioria da população fala russo.

A Crimeia votou no mês passado a favor da união com a Rússia em um referendo realizado depois que as forças de Moscou já tinham tomado o controle dessa península do Mar Negro. O governo ucraniano rejeita uma votação semelhante no leste, dizendo que as ocupações são parte de um plano liderado pela Rússia para desmembrar o país.

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"Estamos tentando encontrar uma solução de compromisso, mas as demandas apresentadas pelos ocupantes são inaceitáveis. Nosso objetivo é evitar o uso da força, mas essa opção continua em vigor", disse o vice-ministro do Interior, Serhiy Yarovy, aos jornalistas.

O primeiro-ministro Arseny Yatseniuk irá viajar para Donetsk na sexta-feira para discutir a crise.

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