EUA e UE anunciam novas sanções contra a Rússia nesta sexta

O governo ucraniano reconheceu pela primeira vez que os separatistas controlam parte da fronteira com a Rússia

11 set 2014 - 18h05
(atualizado às 18h05)
<p>Homens das forças de segurança ucraniana fazem ronda em Kramatorsk, Ucrânia, em 11 de setembro</p>
Homens das forças de segurança ucraniana fazem ronda em Kramatorsk, Ucrânia, em 11 de setembro
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As potências ocidentais anunciaram nesta quinta-feira a adoção de novas sanções contra a Rússia, depois de Kiev ter reconhecido que perdeu terreno para os rebeldes pró-russos, provocando uma ameaça de resposta de Moscou que as acusa de minar o processo de paz.

No momento em que o acordo de cessar-fogo assinado entre Kiev e os rebeldes tem sido em grande parte respeitado, a União Europeia (UE) e, poucas horas depois, o presidente americano Barack Obama decidiram adotar novas sanções contra a Rússia.

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Essas decisões, adotadas após vários dias de hesitação, são anunciadas depois de o governo ucraniano ter reconhecido pela primeira vez que os separatistas pró-russos controlam a fronteira leste com a Rússia até o Mar de Azov.

Além disso, a Otan afirmou que cerca de mil soldados russos continuam mobilizados no leste da Ucrânia, enquanto 20.000 seguem ao longo da fronteira. A Aliança Atlântica afirmou que a "Rússia continua a fornecer equipamentos sofisticados" aos rebeldes pró-russos.

No momento em que a economia russa está à beira da recessão, Moscou, que sempre negou qualquer envolvimento no conflito na Ucrânia, considerou que a "UE praticamente escolheu ir de encontro ao processo de resolução pacífica da crise ucraniana".

"Deem uma oportunidade à paz", lançou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, enquanto o conflito já deixou mais de 2.700 mortos.

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Neste contexto de tensão, após vários dias de intensas discussões, os 28 países membros da UE concordaram em reforçar as sanções econômicas contra a Rússia, que devem entrar em vigor já a partir de sexta-feira.

Militares ucranianos fazem exercícios militares em Zhytomyr, a oeste de Kiev, em 11 de setembro
Foto: Sergei Chuzavkov / AP

As sanções incluem restringir o acesso aos mercados de capitais e proibir o financiamento da dívida de três grandes empresas russas do setor de defesa e de três outras do de energia. Entre as companhias afetadas estão as petroleiras Rosneft e Transneft, assim como a filial da gigante de gás Gazprom.

As medidas também preveem a inclusão de 24 nomes às centenas de russos e ucranianos ligados aos rebeldes que já são alvos de sanções, que impõem o congelamento de bens e a proibição de vistos. No total, são 119 pessoas afetadas pelas sanções.

Contudo, a UE poderá "amenizar, suspender ou cancelar" as sanções contra a Rússia tendo em vista os acontecimentos envolvendo o conflito, segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que afirmou que o grupo fará "uma avaliação exaustiva dos progressos do plano de paz na Ucrânia até o fim de setembro".

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Já o presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos reforçarão as sanções contra os setores russos de defesa, finanças e energia para pressionar esse país por suas "ações ilegais" na Ucrânia.

Obama disse, em um comunicado, que as novas sanções intensificarão o isolamento econômico e político do Kremlin.

Um assessor do Kremlin anunciou prontamente que a Rússia já preparou um novo pacote de medidas em represália às novas sanções ocidentais que afetarão a importação de carros usados e alguns bens de consumo.

"O Ministério da Economia já preparou, até onde eu sei, a lista de produtos" que serão afetados pelas novas medidas, além dos produtos alimentícios sobre os quais já pesa um embargo, declarou Andrei Belousov à agência pública Ria-Novosti.

"Mas espero que o senso comum prevaleça e que não sejamos obrigados a aplicá-las", acrescentou.

Mas a situação nas frentes de batalha parece longe de estar resolvida. Segundo a Otan, "ainda há cerca de mil soldados russos" no leste da Ucrânia "com um número substancial de equipamentos", e 20.000 outros continuam mobilizados ao longo da fronteira entre os dois países.

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"A Otan continua a pedir que a Rússia encontre uma solução política para a crise, em conjunto com a comunidade internacional e o governo ucraniano", declarou à AFP uma fonte da Aliança Atlântica, indicando que a Otan "continua muito preocupada com a crise entre Rússia e Ucrânia".

Essas informações contradizem as declarações feitas na quarta-feira pelo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de que a maior parte das tropas russas teria se retirado de seu território.

Contudo, jornalistas da AFP em Donetsk relataram ter ouvido confrontos durante a madrugada na região do aeroporto, controlado pelas tropas ucranianas e palco de combates nos últimos meses.

"O aeroporto foi alvo de disparos de morteiro", afirmou um porta-voz militar ucraniano, Oleksii Dmytrachkivski. Segundo a Prefeitura de Donetsk, "a noite foi agitada e rajadas de tiros foram ouvidas na cidade".

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Em agosto, os separatistas lançaram uma contra-ofensiva em direção às cidades estratégicas costeiras do sul da região de Donetsk, às margens do Mar de Azov.

Se os rebeldes tomarem o porto de Mariupol, última grande cidade ucraniana ainda sob controle do exército, o avanço permitirá criar uma ligação terrestre entre a fronteira russa e a Crimeia, península ucraniana anexada em março pela Rússia.

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