EUA e União Europeia condenam visita de Putin à Crimeia

As críticas à visita, vieram de todos os lados da comunidade internacional

10 mai 2014 - 01h06
(atualizado às 01h11)
<p>Putin viajou para a região após participar do tradicional evento do Dia da Vitória, em Moscou, que marca o aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial</p>
Putin viajou para a região após participar do tradicional evento do Dia da Vitória, em Moscou, que marca o aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial
Foto: Reuters

Os Estados Unidos, União Europeia e a Otan condenaram a visita que o presidente russo, Vladimir Putin, fez nesta sexta-feira à Crimeia - a primeira desde que Rússia anexou a região da Ucrânia, em março. Putin viajou para a região após participar do tradicional evento do Dia da Vitória, em Moscou, que marca o aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.

"No Dia da Vitória, normalmente se relembra os sacrifícios da guerra, mas o que se viu em Sevastopol (na Crimeia) foi uma festa", disse Daniel Sandford, correspondente da BBC na região. "O povo da cidade carregava bandeiras brancas, azuis e vermelhas e saudava Putin como um verdadeiro herói conquistador. Foi uma ocasião para, mais do que nunca, "trazer para casa" a anexação da Crimeia. Putin conseguiu andar sem desafios pela praça central da cidade, enquanto o restante do mundo acredita que a região ainda é parte da Ucrânia."

Publicidade

As críticas à visita, no entanto, vieram de todos os lados da comunidade internacional. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, considerou a visita "provocativa e desnecessária". "A Crimeia pertence à Ucrânia e nós não reconhecemos os passos - ilegais e ilegítimos - da Rússia em relação a essa região."

'Inapropriada'

Maja Kocijancic, porta-voz da chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, disse que o bloco "lamentava" a visita. "Um dia importante na história que compartilhamos, dedicado a honrar os enormes sacrifícios e a lembrar os milhões de mortos da Segunda Guerra, não deveria ser usado como instrumento para dar visibilidade à anexação ilegal da Crimeia", disse.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, qualificou de "inapropriada" a ida do líder russo à região. A chancelaria em Kiev também criticou a visita, dizendo que a Rússia agia para aprofundar a crise e que ela se tratava de uma "grave violação da soberania ucraniana".

Publicidade

A tensão na região se intensificou desde que o forças apoiadas pelo Kremlin tomaram o controle da Crimeia, que em seguida votou, em março, para se unir à Rússia, em um referendo que Kiev e o Ocidente consideram ilegal. A visita de Putin ocorre às vésperas de um polêmico referendo, que deve ocorrer neste domingo no leste da Ucrânia e que foi organizado por separatistas pró-Rússia da região.

'Juntos'

Durante sua visita à Crimeia, Putin disse que a península mostrou lealdade a uma "verdade histórica" ao escolher fazer parte da Rússia. "Há muito trabalho pela frente, mas nõs vamos superarar todas as dificuldades, porque estamos juntos", o que significa que nos tornamos mais fortes."

Enquanto Putin visitava a região, novos confrontos surgiram em Mariupol, na região sudeste da Ucrânia. O ministro ucraniano Arsen Avakov disse que pelo menos 20 ativistas pró-Rússia e um segurança ucraniano foram mortos no conflito. Segundo o governo, houve troca de tiros quando os ativistas tentaram invadir uma delegacia.

No entanto, testemunhas acusaram as forças de segurança de abrir fogo contra manifestantes desarmados que haviam entrado no prédio.

BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se