Os Estados Unidos, União Europeia e a Otan condenaram a visita que o presidente russo, Vladimir Putin, fez nesta sexta-feira à Crimeia - a primeira desde que Rússia anexou a região da Ucrânia, em março. Putin viajou para a região após participar do tradicional evento do Dia da Vitória, em Moscou, que marca o aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
"No Dia da Vitória, normalmente se relembra os sacrifícios da guerra, mas o que se viu em Sevastopol (na Crimeia) foi uma festa", disse Daniel Sandford, correspondente da BBC na região. "O povo da cidade carregava bandeiras brancas, azuis e vermelhas e saudava Putin como um verdadeiro herói conquistador. Foi uma ocasião para, mais do que nunca, "trazer para casa" a anexação da Crimeia. Putin conseguiu andar sem desafios pela praça central da cidade, enquanto o restante do mundo acredita que a região ainda é parte da Ucrânia."
As críticas à visita, no entanto, vieram de todos os lados da comunidade internacional. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki, considerou a visita "provocativa e desnecessária". "A Crimeia pertence à Ucrânia e nós não reconhecemos os passos - ilegais e ilegítimos - da Rússia em relação a essa região."
'Inapropriada'
Maja Kocijancic, porta-voz da chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, disse que o bloco "lamentava" a visita. "Um dia importante na história que compartilhamos, dedicado a honrar os enormes sacrifícios e a lembrar os milhões de mortos da Segunda Guerra, não deveria ser usado como instrumento para dar visibilidade à anexação ilegal da Crimeia", disse.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, qualificou de "inapropriada" a ida do líder russo à região. A chancelaria em Kiev também criticou a visita, dizendo que a Rússia agia para aprofundar a crise e que ela se tratava de uma "grave violação da soberania ucraniana".
A tensão na região se intensificou desde que o forças apoiadas pelo Kremlin tomaram o controle da Crimeia, que em seguida votou, em março, para se unir à Rússia, em um referendo que Kiev e o Ocidente consideram ilegal. A visita de Putin ocorre às vésperas de um polêmico referendo, que deve ocorrer neste domingo no leste da Ucrânia e que foi organizado por separatistas pró-Rússia da região.
'Juntos'
Durante sua visita à Crimeia, Putin disse que a península mostrou lealdade a uma "verdade histórica" ao escolher fazer parte da Rússia. "Há muito trabalho pela frente, mas nõs vamos superarar todas as dificuldades, porque estamos juntos", o que significa que nos tornamos mais fortes."
Enquanto Putin visitava a região, novos confrontos surgiram em Mariupol, na região sudeste da Ucrânia. O ministro ucraniano Arsen Avakov disse que pelo menos 20 ativistas pró-Rússia e um segurança ucraniano foram mortos no conflito. Segundo o governo, houve troca de tiros quando os ativistas tentaram invadir uma delegacia.
No entanto, testemunhas acusaram as forças de segurança de abrir fogo contra manifestantes desarmados que haviam entrado no prédio.