Ex-chanceler da Alemanha culpa UE por crise na Ucrânia

"A UE ignorou o fato de que a Ucrânia é um país profundamente dividido culturalmente", afirmou Gerhard Schröder

11 mai 2014 - 10h25
(atualizado às 10h26)
<p>Soldado ucraniano perto de uma bandeira na base A2904 na cidade de Bakhchisaray, na Crimeia (imagem de arquivo)</p>
Soldado ucraniano perto de uma bandeira na base A2904 na cidade de Bakhchisaray, na Crimeia (imagem de arquivo)
Foto: Thomas Peter / Reuters

O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder estimou que a União Europeia (UE) é a principal responsável pela crise ucraniana, ao ter obrigado Kiev a escolher entre um futuro junto à UE ou à Rússia, segundo declarações publicadas no jornal Welt am Sonntag neste domingo.

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"O erro fundamental vem da política da UE a favor de um tratado de associação" que Bruxelas queria assinar com a Ucrânia, declarou Schröder, amigo há muitos anos do presidente russo Vladimir Putin. "A UE ignorou o fato de que a Ucrânia é um país profundamente dividido culturalmente. Historicamente, o povo do sul e do leste está mais orientado à Rússia e o do oeste mais à UE", ressaltou.

"Era possível falar de um tratado de associação, mas deveria ser feito com a Rússia ao mesmo tempo. O erro inicial foi ter dito que seria um tratado de associação com a UE ou uma união aduaneira com a Rússia", acrescentou.

Embora tenha garantido que "todas as partes cometeram erros", Schröder não condenou a anexação da Crimeia à Rússia, após um referendo que a comunidade internacional considera ilegal. "A adesão da Crimeia é questionada no âmbito do direito internacional, mas agora é uma realidade. A Crimeia decidiu em referendo que queria ser uma região russa", disse.

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Schröder também relativizou a influência de Moscou sobre os separatistas pró-russos ucranianos. "A ideia de que bastaria que o presidente russo ou o chefe de governo ou qualquer outra pessoa dissesse basta para que tudo se resolvesse não é realista", comentou.

Mais de sete milhões de ucranianos no leste do país são convocados neste domingo a decidir sobre a independência das "Repúblicas Populares" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, duas regiões fronteiriças com a Rússia, onde os insurgentes controlam as principais cidades.

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