O ex-líder militar sérvio-bósnio Ratko Mladic qualificou nesta terça-feira de "satânico" o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), no qual se apresentou como testemunha no julgamento do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic.
Mladic rejeitou testemunhar no alto tribunal da ONU e atacou o presidente da corte, o juiz O-gon Kwon: "suas citações judiciais, seus tópicos, suas acusações falsas... Não me importam para nada nenhuma delas".
O juiz afirmou que se Mladic continuasse com suas desqualificações ao TPII se arriscava a penas adicionais por desacato ao tribunal.
Pouco depois, o presidente da corte suspendeu temporariamente a audiência para que Mladic pudesse recuperar a dentadura postiça que tinha deixado em sua cela.
O depoimento de Mladic, acusado de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, foi requerido pelo próprio Karadzic, que tenta provar sua responsabilidade no massacre de Srebrenica.
Karadzic foi acusado de crimes de guerra e contra a humanidade supostamente cometidos durante a guerra na Bósnia, entre 1992 e 1995, incluindo o massacre de Srebrenica e o ataque a Sarajevo.
O ex-líder político sérvio-bósnio quer demonstrar que o massacre de Srebrenica, em 1995, no qual morreram mais de oito muçulmanos, foi responsabilidade de Mladic e não sua.
Os estatutos do TPII permitem a um acusado testemunhar em outro julgamento diferente do seu, mas o suposto criminoso de guerra não tem por que fazer declarações que culpabilidade, pois isso afetaria o andamento de seu próprio julgamento.
A presença de Mladic na sala do TPII esteve em suspenso até o último momento diante da possibilidade do ex-líder tentar evitar a audiência com o argumento de não testemunhar contra si.
Mladic já se ausentou do processo no passado alegando motivos de saúde, um assunto que é de constante preocupação para os juízes e a promotoria e que trouxe dúvidas sobre a continuidade do julgamento.
O ex-general é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, entre eles genocídio, cometidos durante a guerra da Bósnia, assim como do massacre de Srebrenica, um enclave protegido no período por soldados da ONU.
Karadzic e Mladic têm processos diferentes por acusações de crimes similares e ambos alegam inocência.