- Cirilo Junior
- Direto de Londres
Familiares de Jean Charles de Menezes prestaram, na manhã deste domingo, homenagem ao brasileiro, morto há exatos sete anos pela polícia britânica no metrô de Londres, ao ser confundido com um terrorista. Os primos de Jean Charles se reuniram e depositaram flores no memorial montado para ele, ao lado da estação de Stockwell, onde o eletricista foi alvejado.
Apesar de a investigação ter sido arquivada e ninguém ter sido responsabilizado, Alessandro Alves, 30 anos, disse que tem, ainda que remotas, esperanças de que os envolvidos no caso possam ser punidos. "A justiça não foi feita. A gente espera que um dia possa se fazer, a esperança nunca morre", afirmou.
Vivian Menezes Figueiredo, 29 anos, morou com Jean Charles em Londres por três meses, até a morte dele. Ao descrever o primo, o classificou como um "jovem sonhador e super carismático", que estava sempre pronto para "estender a mão".
"No meu coração, parece que tudo o que aconteceu foi muito recente. Vem todas as imagens de quando tudo aconteceu, de toda aquela loucura. Por mais que o tempo passe, para a gente, vai ser uma coisa sempre recente. Uma coisa que vai ficar viva no coração", comentou.
Ainda que o dia traga lembranças ruins, Patricia Armani, outra prima do brasileiro, ressaltou que se sentia satisfeita em estar ali para manter viva a memória de Jean Charles. "É um dia muito especial, é nosso feriado. É um dia triste, de lembranças ruins. Mas por outro lado, me sinto feliz em vir aqui e lembrar dele", observou.
Mineiro de Gonzaga, Jean Charles tinha 27 anos e vivia na Inglaterra há três. Ele foi confundido com um terrorista árabe suspeito de participar das tentativas de ataque a ônibus e estações de metrô em Londres, que foram impedidos pela polícia. Duas semanas antes, um atentado a bomba no metrô londrino havia matado dezenas pessoas. A polícia inglesa alegou que Jean Charles não obedeceu a ordem para parar dada pelos guardas que o seguiram desde que saiu de casa, em Tulse Hill, até entrar na estação de metrô de Stockwell.
A perícia indicou que o brasileiro levou oito tiros tiros na cabeça. Os policiais que atiraram em Jean Charles, assim como os chefes da Scotland Yard, não foram processados pela morte do brasileiro. As autoridades inglesas consideraram que não houve evidências de que Jean Charles não tenha sido confundido com um terrorista. A Justiça, no entanto, determinou que a família do eletricista fosse indenizada em 100 mil libras.