França: Marine Le Pen abafa discurso antissemita do pai

8 jun 2014 - 19h39
(atualizado às 19h43)

A presidente do partido ultradireitista Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, afirmou neste domingo ao jornal Le Figaro que houve uma "interpretação mal intencionada" das polêmicas palavras de seu pai, Jean-Marie Le Pen, que se distanciaram até do partido, fundado por ele.

O FN teve que se pronunciar após mais uma tirada antissemita de seu fundador em um vídeo - retirado do site do partido a pedido de Marine Le Pen.

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Ao mesmo tempo, em mensagem destinada a seu pai, ela fez notar que "com a longa experiência de Jean-Marie Le Pen, não ter antecipado a interpretação que seria fatalmente feita com formulação é uma falta política da qual a Frente Nacional está sofrendo as consequências."

A "número um" do partido mais votado da França nas eleições europeias de 25 de maio, com 25% dos votos, insistiu que esta polêmica deve servir para "lembrar que o FN condena da maneira mais firme qualquer forma de antissemitismo, seja de que tipo for."

Antes, o vice-presidente Louis Aliot, em declarações publicadas neste domingo pela revista Le Parisien, se mostrou consternado e qualificou de estúpido o fragmento mais polêmico do vídeo, em que Jean-Marie Le Pen atentava em tom jocoso contra algumas personalidades que fizeram declarações contra seu partido.

Após criticar o cantor de origem judaica Patrick Bruel, Le Pen disse: "faremos uma fornada da próxima vez", em uma alusão aos fornos dos campos nazistas de extermínio.

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Em linha paralela, Jean-Marie Le Pen fez comentários sobre um livro do primeiro-ministro socialista francês de origem espanhola, Le vrai visage de Manuel Valls (O verdadeiro rosto de Manuel Valls). "Uma obra cheia de interesse sobre a verdadeira personalidade de um homem que foi durante grande parte de sua vida pró-palestino e que se transformou em pró-Israel ao se casar", disse, em referência ao casamento de Valls com a violinista de origem judaica Anne Gravoin.

Le Pen também lançou ataques contra artistas como o humorista Guy Bedos, Madonna e Yannick Noah, que já criticaram publicamente o FN.

Um dos dois deputados do partido, Gilbert Collard, respeitado advogado criminalista, disse estar "cansado das cabriolas com as palavras (de Jean-Marie Le Pen) que deixam hematomas na alma" e, em declarações hoje à France Info, acrescentou que, da mesma forma que "o rei da Espanha se aposenta, talvez seria bom que Jean-Marie o fizesse."

Le Pen negou ter se referido ao extermínio de judeus e tachou de "imbecis" seus companheiros de partido que o interpretaram desse modo.

A associação SOS Racismo avançou que vai a formalizar uma denúncia nos próximos dias por esta "imunda e enésima fala."

Le Pen foi condenado pela Justiça mais de uma vez por declarações racistas e de conteúdo antissemita, em particular por ter estimado que as câmaras de gás dos campos de extermínio nazistas tinham sido "um detalhe da história" da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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Sua filha, desde que está à frente do partido, tenta se distanciar dessa imagem e desse tom.

  
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