França: Sarkozy alega inocência sobre acusação de corrupção

Ele é suspeito de tráfico de influência, corrupção de autoridades e de se beneficiar da violação de segredos profissionais

2 jul 2014 - 17h39
Transmissão da entrevista do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy à rede de rádio e televisão TF1, em Lyon, na França, nesta quarta-feira. 02/07/2014 REUTERS.
Transmissão da entrevista do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy à rede de rádio e televisão TF1, em Lyon, na França, nesta quarta-feira. 02/07/2014 REUTERS.
Foto: Reuters

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy se disse nesta quarta-feira inocente das acusações de corrupção ativa, tráfico de influência e violação do sigilo profissional, denunciando "uma instrumentalização política de parte da justiça".

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"Digo a vocês, olhando nos olhos, eu não fiz nada que possa me envergonhar", declarou a jornalistas do canal de televisão privado TF1 e da rádio Europe 1, em sua primeira entrevista desde a derrota na eleição presidencial de 2012 para o socialista François Hollande.

Sem dissipar as dúvidas sobre um possível retorno à política, ele afirmou que "jamais" cometeu "qualquer ato contrário ao Estado de Direito", acrescentando que "nunca traiu a confiança" de ninguém.

Nicolas Sarkozy denunciou com veemência a sua detenção por cerca de 15 horas para interrogatório antes de seu indiciamento, algo inédito para um ex-chefe de Estado francês.

"Havia um desejo de me humilhar ao me convocar sob custódia, o que não é normal", disse. "Será que não poderiam ter me convocado para responder às perguntas dos juízes? Será que era absolutamente necessário ter um encontro às duas horas da manhã com as duas senhoras que me convocaram?", questionou o ex-chefe de Estado francês (2007-2012).

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Ele foi indiciado por violação de segredo de justiça, corrupção e tráfico de influência ativos ao final de sua detenção.

Corrupção e tráfico de influência são crimes que podem ser punidos com até dez anos de prisão na França.

O ex-presidente de direita chamou de "grotescas" as acusações e questionou a imparcialidade de uma juíza responsável pelo caso, Claire Thépaut. Ele ressaltou que ela pertence ao Sindicato dos Magistrados (SM), um órgão de esquerda, segundo ele. Sarkozy acusou a magistrada de ter uma "obsessão política (...) de destruir a pessoa contra quem (ela) deve instruir".

O Sindicato dos Magistrados acusou imediatamente Nicolas Sarkozy de querer "desacreditar" os juízes.

Seu indiciamento derrubou a esperança de seu partido, o UMP (oposição de direita), de vê-lo retornar à política.

Apesar de sua derrota para o socialista François Hollande em 2012, Nicolas Sarkozy, de 59 anos, estava convencido da possibilidade de voltar para ser o "salvador" da França, tendo em vista a eleição presidencial de 2017.

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À imprensa, nesta quarta-feira, ele indicou que vai dizer "no final de agosto, início de setembro" se retornará à política como candidato à direção de seu partido.

Duas outras pessoas foram acusadas junto com ex-presidente: seu amigo e advogado Thierry Herzog e um advogado-geral do Tribunal de Cassação, Gilbert Azibert.

Os juízes de instrução tentam estabelecer se Sarkozy tentou obter informações confidenciais por meio de Azibert sobre uma decisão da justiça relacionada ao ex-presidente, em troca da promessa conseguir para o informante um posto de prestígio em Mônaco.

A decisão de grampear os telefones de Sarkozy havia sido tomada em setembro do ano passado pelo juiz que investiga as acusações de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral em 2007 pelo ex-ditador da Líbia Muammar Khadafi.

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O presidente francês François Hollande lembrou nesta quarta-feira os princípios de "independência da justiça" e de "presunção de inocência", em referência ao indiciamento de seu antecessor.

A suspeita de corrupção "é baseada apenas em escutas que nós contestamos e cuja legalidade será combatida", declarou o advogado de Thierry Herzog, Paul-Albert Iweins.

A promotoria de Paris também confiou a juízes financeiros uma investigação sobre o financiamento da campanha de 2012 de Nicolas Sarkozy.

Questionado sobre o caso Bygmalion, empresa de eventos suspeita de emitir notas frias durante essa campanha, Sarkozy disse que nunca houve "qualquer sistema de dupla cobrança."

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