"Os homossexuais não devem ser discriminados e divorciados pertencem à Igreja". É o que diz o documento base que os bispos debaterão na 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que começou nesta segunda-feira no Vaticano.
Esses dois enunciados estão no 'relatio ante disceptationem' (relatório precedente ao debate), texto que engloba as posições expostas durante duas semanas os padres sinodais, bispos com voz e voto na assembleia, e que foi lido pelo cardeal húngaro Peter Erdo, presidente-delegado do Sínodo.
No texto constata que existe um amplo consenso com relação ao fato que as "pessoas de tendência homossexual não serem discriminadas, como recalca também o Catecismo da Igreja Católica".
Contudo, o documento ressalta que entre as posições que os participantes e os fiéis, que foram consultados antes deste Sínodo, expressarão "não se espera uma equiparação destas relações (homossexuais) com o casamento entre homem e mulher".
Divórcio
Outro tema controverso que será abordado é o dos divorciados que voltam a se casar. Esse "é um dos desafios pastorais mais prementes" e, segundo o texto, a Igreja deve cuidar "deles de modo especial". "Os divorciados recasados civilmente pertencem à Igreja, precisam e têm o direito de ser acompanhados por seus pastores", explica o texto lido pelo cardeal.
Conforme o documento, os "recasados" são convidados a ouvir a palavra de Deus, a participar da liturgia da Igreja, na oração e a realizar obras de caridade. A possibilidade de que as pessoas que se casam de novo possam voltar a receber os sacramentos será um dos objetos de debate. O Sínodo vai trabalhar também a hipótese que, em certos casos, o bispo diocesano posa formular uma declaração de nulidade matrimonial.
O tema da violência na família e os abusos que mulheres e crianças sofrem, como consequências do consumo exagerado de álcool e drogas, a prática de jogos de acaso, consumo de pornografia e de "outras formas de dependência sexual e das redes sociais" também será abordado.
Nesta introdução, os bispos concordaram que neste Sínodo é preciso atuar com o "espírito do bom Samaritano" e que a Igreja tem que estar "ao lado de quem foi ferido pela vida". A reunião dos 253 participantes começou às 8h30 (horário local) (3h30 em Brasília) com a presença do papa Francisco.