Hollande: referendo no leste da Ucrânia não tem validade

Mais de sete milhões de ucranianos foram convocados a decidir sobre a independência de Donetsk e Lugansk, duas regiões fronteiriças com a Rússia

11 mai 2014 - 14h54
Eleitora deposita seu voto no distrito de Budennovskiy, na periferia de Donetsk
Eleitora deposita seu voto no distrito de Budennovskiy, na periferia de Donetsk
Foto: AP

O presidente francês, François Hollande, criticou o referendo organizado por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, ao iniciar neste domingo na capital do Azerbaijão uma viagem pelo Cáucaso.

As consultas eleitorais deste tipo não têm "nenhum sentido" e são "nulas e sem validade", declarou o presidente, afirmando que "a única eleição que conta" é a presidencial prevista para o dia 25 de maio em toda a Ucrânia.

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"Não quero chamá-las de referendo", insistiu Hollande, ressaltando que não há "urnas, nem centros de votação, (nem) listas eleitorais".

"A única eleição que contará é a do dia 25 de maio, uma eleição que permitirá designar o presidente de toda a Ucrânia", que "será a única autoridade legítima", acrescentou o presidente francês.

Hollande também renovou a ameaça de lançar uma nova onda de sanções se a eleição presidencial não for realizada como planejado.

Rebeldes separatistas levaram adiante uma votação em desafio ao governo ucraniano pró-Ocidente e um deles anunciou planos de formar organismos estatais e militares assim que o resultado seja anunciado na segunda-feira.

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Outro líder separatista disse que a votação não irá dividir a Ucrânia imediatamente, mas daria ao leste maior autonomia e poderia levar à independência ou união com a Rússia.

Mais de sete milhões de ucranianos do leste foram convocados a decidir sobre a independência das "Repúblicas Populares" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, duas regiões fronteiriças com a Rússia, onde os insurgentes controlam as principais cidades.

Os insurgentes armados pró-russos reivindicavam uma participação de quase 70% às 16h00 (10h00 no horário de Brasília), certos de que obterão um apoio maciço.

Nas cédulas produzidas às pressas pelos rebeldes pró-russos aparece a pergunta: "Você está de acordo com a independência da República Popular de Donetsk?" ou "Você está de acordo com a independência da República Popular de Lugansk?". E duas únicas opções, sim ou não.

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Em Kiev, o ministério das Relações Exteriores classificou de "farsa criminosa" financiada pela Rússia este referendo sobre a independência.

"O referendo de 11 de maio inspirado, organizado e financiado pelo Kremlin é juridicamente nulo e não terá nenhuma consequência jurídica para a integridade territorial da Ucrânia", ressaltou em um comunicado.

A votação começou em um clima tranquilo nesta manhã, atraindo muitas pessoas.

Após o longo dia de referendo, que deve terminar às 22h00, os resultados serão anunciados na segunda-feira, segundo Roman Liaguine, chefe da comissão eleitoral. Após o referendo "começará o período de negociação com as autoridades de Kiev", acrescentou.

Neste contexto, foram retomados os combates nos subúrbios de Slaviansk, um reduto dos separatistas pró-russos cercado pelas forças ucranianas, que lançaram no início de maio uma operação militar, constatou a AFP.

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A ucraniana Victoria Petrovna chegou cedo, às 07h45 locais, a um centro de votação instalado em uma escola de Donetsk, a principal cidade da região, porque segundo ela "é um dia importante. Disseram para que viéssemos votar, é essencial fazer isso". "Estamos vivendo momentos muito importantes", declarou à AFP.

Dentro da escola, duas grandes urnas transparentes foram colocadas diretamente no chão e dez pessoas estavam ali para dirigir a votação, com grandes listas eleitorais nas mãos.

"Tudo se desenvolve como o previsto, tudo estava pronto, os colégios eleitorais abriram pontualmente, e as pessoas estão indo votar", declarou Satisfeito Nicolas Tsonsev, um dos responsáveis pela organização do referendo em Donetsk.

A retomada dos combates perto de Slaviansk - onde as pessoas também votam neste domingo - lembra, no entanto, que a situação continua tensa.

Muitas detonações fortes foram ouvidas no início da manhã perto da cidade, constatou a AFP.

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Os combates, que foram precedidos durante grande parte da noite por rajadas de tiros, foram retomados neste domingo na localidade de Andreevka, na linha de frente, na entrada sul desta cidade de 110.000 habitantes cercada pelas forças ucranianas, declarou à AFP Stella Jorosheva, porta-voz dos insurgentes pró-russos de Slaviansk.

"Há vítimas", acrescentou Jorosheva, que não pôde fornecer mais detalhes até o momento.

Os ecos dos disparos com armas pesadas continuavam chegando dos subúrbios no início da manhã.

Kiev e os países ocidentais condenam a realização desta consulta popular. Temem que ocorra o mesmo que na Crimeia, que se uniu em março à Rússia após uma consulta similar.

Os Estados Unidos, por sua vez, afirmaram no sábado que não reconhecerão o resultado destes referendos "ilegais de acordo com o direito ucraniano e que constituem uma tentativa de criar divisões e distúrbios".

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Com informações da Reuters e AFP.

Entenda a crise na Ucrânia

Fonte: Terra
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