"Homem de direita", Philippe assume leme do governo Macron

15 mai 2017 - 16h16
(atualizado às 17h55)
Foto: Reuters

Édouard Philippe, que se define como um "homem de direita" e afilhado político do ex-premiê Alain Juppé, foi o escolhido pelo novo presidente da França, Emmanuel Macron, para assumir as rédeas de seu primeiro mandato, com o fim de atrair o eleitorado conservador.

Philippe, de 46 anos, apresenta um perfil que o torna uma espécie de alter ego conservador de Macron, assim como ele partidário de transcender as barreiras ideológicas tradicionais e que foi criado nos mesmos berços da elite política.

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Apesar de ser o grande favorito para o posto de primeiro-ministro, sua designação, prevista para o início da manhã, atrasou em horas, o que aumentou os boatos sobre um eventual desacordo entre ambos.

Por fim, o secretário geral do Palácio do Eliseu, Alexis Kohler, fez um rápido pronunciamento para confirmar a nomeação de Philippe, prefeito da cidade portuária de Le Havre, na Normandia, e deputado pela legenda conservadora Os Republicanos.

Embora não tenha surpreendido ninguém, a escolha foi acompanhada com grande atenção pelos franceses, que a consideram o primeiro grande indício de qual será o rumo que Macron quer dar ao país.

Philippe cumpre os requisitos que o novo presidente, que assumiu ontem mesmo o cargo, tinha estabelecido para seu chefe de governo: ter experiência parlamentar, mas ao mesmo tempo encarnar a renovação.

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Com a designação, Macron, além disso, se aproxima de maneira não dissimulada do eleitor conservador, depois de ter incluído em suas listas para as próximas eleições legislativas de junho vários deputados socialistas.

Em discurso após a transferência de poderes no palácio de Matignon (sede da chefia de governo), Philippe reforçou sua posição de "homem de direita" em relação a seu antecessor, o socialista Bernard Cazeneuve, a quem agradeceu por seu senso de Estado, "que representa um exemplo".

Apesar de suas diferenças ideológicas, ele lembrou que ambos concordam que "o interesse geral deve guiar o compromisso dos cargos políticos".

Philippe também reservou palavras de homenagem para seu mentor, Juppé, que recebeu com alegria a nomeação, ao contrário de seu partido, Os Republicanos.

O secretário geral dos conservadores, Bernard Accoyer, se distanciou do novo premiê, ao ressaltar como "decisão individual" sua entrada no governo Macron.

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"Tradicionalmente, o premiê é o chefe do partido do presidente. Philippe deve esclarecer se apoia os candidatos do partido do presidente ou os nossos", declarou Accoyer, antes de acrescentar, no Twitter, que Philippe, ao aceitar o posto, "se situa fora" da "família política" do partido.

Também não lhe deram apoio, como esperado, os demais rivais do espectro político, para os quais sua designação deixa em evidência a colusão de interesses entre os partidos tradicionais de esquerda e direita.

"(A nomeação é) a aliança sagrada das velhas direita e esquerda, unidas para se manter no poder a qualquer preço e continuar as mesmas políticas de austeridade, de submissão a Bruxelas, de imigração em massa e de permissividade que tanto prejudicaram a França", afirmou a ultradireitista Marine Le Pen.

Em comunicado, a presidente da Frente Nacional classificou Philippe como "a síntese perfeita" das duas administrações anteriores, a do socialista François Hollande e a do conservador Nicolas Sarkozy.

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O esquerdista Jean-Luc Mélenchon, quarto colocado no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, disse que, com a escolha, "Macron se apropria da direita moderada, como fez anteriormente com os socialistas".

Já o primeiro secretário do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis, acredita que a chegada de Philippe representa "uma guinada à direita" de Macron, o que fará preciso, para compensar, a eleição de muitos deputados socialistas nas próximas eleições legislativas.

  
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