Homem mais rico da Ucrânia convoca atos contra separatistas

20 mai 2014 - 06h46
(atualizado às 09h17)
<p>Magnata do aço e carvão da Ucrânia, Rinat Akhmetov, que é considerado principal financiador de Viktor Yanukovych, responde a perguntas de jornalistas em Kiev, nesta foto de arquivo de março de 2006</p>
Magnata do aço e carvão da Ucrânia, Rinat Akhmetov, que é considerado principal financiador de Viktor Yanukovych, responde a perguntas de jornalistas em Kiev, nesta foto de arquivo de março de 2006
Foto: Reuters

O homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, pediu nesta terça-feira a todos os seus funcionários que protestem pacificamente contra os separatistas pró-Rússia do leste do país, a cinco dias das eleições presidenciais.

O apelo de Akhmetov pode representar um ponto de inflexão na crise ucraniana, já que o oligarca - dono de um vasto conglomerado de carvão e aço - é extremamente influente no leste do país.

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"Peço a todos os meus funcionários de Donbass (sudeste da Ucrânia) que protestem pacificamente diante das empresas nas quais trabalham", afirma o bilionário ucraniano em um comunicado do grupo System Capital Management (SCM).

"As pessoas estão cansadas de viver com medo e terror. Estão cansadas de sair às ruas e de serem vítimas de tiros. Pessoas caminham com armas e lança-granadas. As cidades são cenários de atos de vandalismo e de saques", destacou Akhmetov, que segundo a revista Forbes tem uma fortuna de 12,2 bilhões de dólares.

As manifestações diante das fábricas, minas e empresas de energia do empresário deveriam começar por volta do meio-dia na cidade portuária de Mariupol, em Donetsk, assim como em várias cidades do leste da Ucrânia.

Akhmetov se envolveu nos últimos dias na defesa de seus funcionários e de seus complexos industriais contra os separatistas.

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Milícias não armadas, recrutadas entre os funcionários de Akhmetov, foram criadas para ajudar a restaurar a ordem na cidade de 500.000 habitantes.

Ao posicionar-se como um homem de paz, o empresário pediu às autoridades de Kiev o fim da operação militar "antiterrorista" iniciada em 13 de abril para retomar o leste do país, ao mesmo tempo em que pediu aos ativistas pró-Rússia que desistissem da independência e negociassem com Kiev.

Um alto funcionário da ONU para os Direitos Humanos descreveu na segunda-feira à AFP Donetsk como uma região "à beira do abismo".

Paralelamente, quase 10.000 pessoas, em sua maioria tártaros, foram obrigadas a deixar suas cidades na Ucrânia, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que destaca que os deslocamentos começaram antes do referendo de março sobre a Crimeia.

"O Acnur observa na Ucrânia um aumento contínuo e sólido dos deslocamentos internos, que afeta quase 10.000 pessoas. Pelo menos um terço dos deslocados são crianças", declarou o porta-voz da agência, Adrian Edwards.

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"A maioria dos deslocados é de tártaros, mas as autoridades locais também apontaram um recente aumento dos registros de pessoas de etnia ucraniana, russa e de famílias mistas", completou o porta-voz.

"A situação no leste provoca claramente deslocamentos", disse.

Os afetados afirmam que fugiram porque eram ameaçados ou sentiam medo, destaca o Acnur. Edwards afirmou, no entanto, que a ONU ainda não tem uma imagem clara da identidade das pessoas que ameaçam a população.

A violência, que provocou quase 130 mortes entre 13 de abril - data do início da operação "antiterrorista" de Kiev - e 16 de maio, pode prejudicar a eleição presidencial do próximo domingo em Lugansk e Donetsk.

O Kremlin ordenou na segunda-feira a retirada das tropas que realizavam manobras perto da fronteira com a Ucrânia, o que poderia servir para acalmar a tensão.

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As tropas russas recuaram a pelo menos 10 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, anunciou um comandante da Guarda de Fronteira ucraniana, Sergui Astakhov.

Ele explicou que um avião de reconhecimento sobrevoou na segunda-feira 820 quilômetros de fronteira.

A Rússia, acusada por Kiev de apoiar a rebelião armada, mantinha, segundo os países ocidentais, 40.000 soldados perto da fronteira.

Entenda a crise na Ucrânia

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