O falecido ex-ditador argentino Leopoldo Galtieri espera no inferno a chegada da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, ironizou nesta terça-feira o jornal argentino Página/12, em referência aos governantes que, em 1982, se lançaram em guerra pelas Ilhas Malvinas (Falklands).
A morte de Thatcher aos 87 anos ocupou as primeiras páginas da imprensa de Buenos Aires, que basicamente destacou sua participação na guerra das Malvinas, que se estendeu por 74 dias e deixou mais de 900 mortos (649 argentinos, 255 britânicos e três moradores das ilhas).
O Clarín, o jornal de maior circulação do país, destacou, por sua vez, que o legado da ex-primeira-ministra britânica "é tão controvertido como foi seu governo, que deixou um reino dividido por suas políticas, um país privatizado e sem indústrias, sindicatos arrasados, mineiros sem meios de vida, um partido conservador que se esqueceu da responsabilidade social e enterrou a solidariedade, a favor de um individualismo onde floresceram os novos ricos".
O jornal La Nación destacou, por outro lado, o silêncio do governo argentino diante da notícia da morte e o episódio do afundamento do navio "General Belgrano", em 2 de maio de 1982, com um saldo de 323 mortos.
"Para muitos argentinos, tratou-se de um crime de guerra, já que Belgrano estava fora da zona de exclusão delimitada unilateralmente pelos britânicos", afirmou La Nación.