Investigação sobre queda do avião enfrenta dificuldades

Algumas nações ocidentais já pediram uma investigação internacional completa e independente sobre o que ocorreu

18 jul 2014 - 14h14
(atualizado às 14h15)
Foto: Edgar Su / Reuters

A investigação do desastre do voo MH17 enfrenta muitas dificuldades.

O avião caiu em um território controlado por separatistas pró-Rússia. A jurisdição e o controle sobre a investigação do que ocorreu serão contestados. Há muito em jogo, inclusive o futuro da crise da Ucrânia.

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O mundo está cada vez mais em choque e com raiva pelo que parece ter ocorrido - a aeronave ter sido derubada - e há algumas questões chaves em torno do que pode ser a mais complicada investigação de um desastre aéreo.

De quem é a jurisdição?

"A responsabilidade pela investigação cabe ao estado em que o acidente ou incidente ocorreu", diz a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, na sigla em inglês), um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).

No entanto, praticamente qualquer grande desastre aéreo é algo que leva ao envolvimento de outras nações, seja por seus conhecimentos técnicos, recursos ou - como neste caso - os desdobramentos políticos gerados pela queda do avião.

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Quando o voo MH370 da Malaysia Airlines sumiu em março passado, a Malásia chefiou a investigação, mas convidou uma série de países a participar. No desastre mais recente, as nações com cidadãos a bordo provavelmente irão querer ter um papel na investigação, ou lançar a sua própria.

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Algumas nações ocidentais já pediram uma investigação internacional completa e independente sobre o que ocorreu.

Enquanto isso, o Comite Interestatal de Aviação (IAC, na sigla em inglês), o órgão oficial de aviação da Rússia que também tem antigos países da União Soviética, como a Ucrânia, como signatários seu tratado, diz que uma investigação deve ser supervisionada pela ICAO.

Como fazer uma investigação numa zona de conflito?

A segurança de qualquer um envolvido na investigação será fundamental, assim como o livre acesso ao local da queda, a segurança da área onde se encontram os destroços - o que inclui os registros de voo - e o acesso a qualquer pessoa que possa ter visto a queda ou possa dar pistas do que aconteceu.

Os rebeldes pró-Rússia dizem que permitirão que investigadores internacionais cheguem ao local da queda por uma espécie de corredor humanitário, mas há pedidos na comunidade internacional para que sejam cessadas todas as hostilidades para que seja possível realizar rapidamente uma investigação independente.

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Outro receio é quanto ao destino das caixas-pretas do avião. Relatos dão conta que os rebeldes têm em mãos ao menos algumas delas e que prometeram entregá-las à IAC.

A retirada sem controle de itens dos destroços pode ter implicações sérias em relação à integridade da investigação, dizem especialistas.

Já sabemos o que aconteceu?

Oficiais de inteligência americanos dizem que as leituras feitas por seus sistemas de monitoramento sugerem que um míssel lançado do solo derrubou o avião, mas ainda não está claro quem o teria lançado. Os dois lados do conflito ucraniano se acusaram mutuamente.

Em gravações do que seriam conversas interceptadas entre um separatista e um oficial de inteligência russo - cuja origem foi atribuída à principal agência de segurança da Ucrânia, a SBU -, os dois homens aparentemente falam, minutos depois da queda do MH17, sobre um avião civil abatido.

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Mas as ligações não foram confirmadas. E os rebeldes insistem que seu equipamento não é capaz de derrubar uma aeronave que estava a mais de 10 mil metros de altura - e que tropas ucranianas seriam as responsáveis.

Agências de inteligência irão analisar minuciosamente essasm ligações e outras informações coletadas no local da queda, disse Michael Clarke, do Royal United Services Institute (um think tank de defesa britânico), à BBC.

"Junto com o que já se sabe no Ocidente, essas novas informações ajudarão a chegar à verdade rapidamente", mas sempre haverá dúvidas, diz o especialista.

Qual será o foco da investigação?

A ex-chefe do Conselho Nacional de Segurança do Tranporte, Deborah Hersman, disse que primeiro os investigadores devem buscar "os quatro cantos da aeronave" - a parte da frente, de trás e as duas pontas das asas - assim como as caixas pretas.

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Os investigadores buscarão entender como o avião se despedaçou - onde começou e como se espalhou, disse Hersman à emissora NBC.

Os registros de voo mostrarão o exato momento do incidente e a que altitude e posição da aeronave, enquanto as gravações de conversas do cockpit revelarão o quanto a tripulação sabia sobre o que estava ocorrendo antes do desastre acontecer.

O que está em jogo?

Correspondentes dizem que, se o Boeing 777 tiver sido derrubado por separatistas com armas fornecidas por Moscou, isso pode mudar significativamente o debate em torno da crise da Ucrânia.

O desatre ocorreu num momento de muita tensão.

Nesta semana, autoridades ucranianas acusaram a Rússia de derrubar um avião militar da Ucrânia em uma missão no leste do país na última quarta-feira, matando duas das oito pessoas a bordo.

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A Rússia disse que a acusação - a primeira a dizer que a Rússia ataca tropas ucranianas - é "absurda".

Enquanto isso, houve uma série de novas sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Européia em relação à Rússia. Moscou disse que eram "chantagem" e avisou que haverá retaliação.

Foto: Arte Terra

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