João Paulo II: um papa conservador e moderno

Ao longo de quase 27 anos, Karol Wojtyla viajou o mundo levando sua mensagem de paz aos fieis e impôs um estilo próprio, de contraste com os membros da Curia Romana, e de proximidade com o povo

25 abr 2014 - 09h03
(atualizado às 13h33)
<p>O papa número 264 da história da Igreja foi beatificado por Bento XVI e será canonizado pelo papa Francisco, no próximo domingo, 27 de abril</p>
O papa número 264 da história da Igreja foi beatificado por Bento XVI e será canonizado pelo papa Francisco, no próximo domingo, 27 de abril
Foto: AP

O papa João Paulo II (1920- 2005) que será canonizado no próximo domingo, foi um pontífice conservador e moderno: carismático e inflexível com temas morais, contribuiu para colapso do comunismo e pediu que o mundo se abrisse à Cuba, em uma histórica visita à ilha.

Sua canonização em tempo recorde reflete sua popularidade entre os fieis, deixando de lado questionamentos sobre a Igreja  e uma mancha negra de seu pontificado marcado também por denúncias contra padres pedófilos, entre outros escândalos.

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O papa polônes adorava viajar e levar sua mensagem aos fieis que moravam nos locais mais isolados do planeta. Assim, conheceu a América Latina e os problemas de muitos países. Ele visitou, ao todo, 129 países, alguns mais de uma vez, como o Brasil e o México.

Eleito papa em 16 de outrubro de 1978, foi o sucessor de João Paulo I, que ocupou o cargo por apenas um mês. Morreu em 2 de abril de 2005, vítima de uma sucessão de problemas de saúde: ele sofria do mal de Parkinson, mas teve outras complicações como infecções e perda da fala, no ano de sua morte.

O papa número 264 da história da Igreja foi beatificado por seu sucessor, Bento XVI e será canonizado pelo papa Francisco, o primeiro pontífice latinoamericano.

O papa polônes será santo apenas nove anos após a sua morte, depois de ser aclamado por uma multidão, que pediu a sua beatificação durante o seu funeral.

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Milagres

As autoridades eclesiásticas confirmaram seus milagres, o primeiro, a  cura de uma monja francesa que sofria de Parkinson, e que o levou a ser beatificado em 2011.

O segundo milagre, a cura inexplicável de uma costariquense que havia sofrido um aneurisma cerebral, permitiu que João Paulo pudesse ser consagrado como santo pela Igreja.

Karol Wojtyla  nasceu em Wadowice, perto de Cracóvia, na Polônia, em 18 de maio de 1920 , em uma família simples. Teve que trabalhar em uma mina de sódio para ganhar a vida, mas continuou os estudos secundários e universitários com afinco.

João Paulo II abençoa fieis na Praça de São Pedro a partir de uma varanda da Cidade do Vaticano, em 22 de outubro de 1978, depois de ser nomeado como o novo papa
Foto: AP

Foi ordenado sacerdote em 1946 e logo professor de Teologia. Em 1964 foi nomeado bispo de Cracóvia. Como tal, participou do Concílio Vaticano II. Em 1967, foi designado cardeal.

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Seu pontificado também ficou marcado na história por ter imposto um estilo que contrastava com os membros da Cúria Romana, se aproximando das pessoas, sem temer o contato direto com os fieis. 

Na América Latina, fez sucesso por sua simplicidade. Os indígenas o chamavam de “papaizinho’ e ele não tinha problemas em se aproximar, falar em castelhano, ainda que as medidas de segurança tivessem se tornado muito restritas desde o atentado de 1981, no Vaticano.

João Paulo II esteve à beira da morte em 13 de maio de 1981, quando levou três tiros disparados pelo terrorista turco Mehmet Ali Ağca, na Praça São Pedro. 

Ao longo se seu pontificado, de quase 27 anos - um dos mais longos da historia da Igreja - pregou a paz, o diálogo entre as nações, a defesa dos direitos humanos, a promoção de uma grande Europa, a solidariedade entre norte e sul, a reconciliação dos judeus e o diálogo com os muçulmanos. 

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O papa, que conheceu o comunismo e o nazismo, pediu, em inúmeras ocasiões, perdão pelos erros e horrores cometidos pelos católicos ao longo dos séculos.

Contrapontos e críticas

Adotou uma linha conservadora como em temas relacionados ao controle da natalidade, o aborto e o divórcio. Alguns setores da sociedade criticaram sua forte rejeição ao uso de métodos contraceptivos, em um mundo onde a Aids fazia milhares de vítimas.

Karol Wojtyla, cardeal da Polônia, foi eleito papa em em 16 outubro de 1978
Foto: AP

Em janeiro de 1998, fez uma histórica visita à Cuba, o último reduto do comunismo na América Latina, onde foi recebido com honras pelo então presidente Fidel Castro.“Que Cuba se abra ao mundo e que o mundo se abra à Cuba”, declarou na ocasião, marcando o degelo nas relações entre a Igreja e o regime comunista, depois de quatro décadas de confronto.

Atualmente, há quem o reprove por sua falta de determinação e transparência, ao tratar das denúncias de abusos e pedofilia por parte de sacerdotes e outros membros da Igreja.

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Muitos não o perdoam por não ter tomado uma medida enégica contra os pedófilos, entre eles, o fundador da influente organização católica Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel, e por ter sido intransigente  com os setores mais progressistas da Igreja, como os reprensentantes da Teologia da Liberação latino-americana.

Maciel gozou da proteção de João Paulo II, apesar das acusações de ter mantido relacionamento com duas mulheres e vários filhos, algo que foi alvo de repreensão por Bento XVI. 

João Paulo II se apoiou em grupos ultraconservadores que conseguiram  uma importante influência dentro do Vaticano, entre eles o Opus Dei.

A forma como administrou as finanças da Santa Sé também foi motivo para críticas. Hoje, o banco do Vaticano (IOPR) e outras organizações como a Administração do Patrimônio da Santa Sé (APSA) estão na mira das reformas do papa Francisco.

Com informações da AFP.

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Fonte: Terra
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