Um estudo divulgado nesta segunda-feira (10/04) pela emissora alemã rbb, realizado junto a organizações humanitárias alemãs, revela que cada vez jovens refugiados que recorrem à prostituição em Berlim. Os dados revelam que sobretudo rapazes de origem afegã, paquistanesa e iraniana vêm aderindo ao trabalho sexual.
Segundo as organizações humanitárias, a causa do problema é o instável sistema social alemão. Após completarem 18 anos de idade, os refugiados não têm mais direito a receber apoio do Estado, e a prostituição acaba sendo para muitos um meio de se manter.
Segundo a rbb, a maioria dos encontros são arranjados por meio de fóruns online. O parque Tiergarten, na capital alemã, se tornou um ponto de referência para homens mais velhos em busca de serviços sexuais com adolescentes.
Diana Henniges, da organização Moabit Hilf, disse à emissora que já acompanhou vários casos de jovens afegãos de 16 ou 17 anos de idade que se prostituíram em diferentes locais de Berlim.
Falta de perspectivas
A presidente do partido A Esquerda em Berlim, Katina Schubert, diz que as "histórias horripilantes" de jovens refugiados que recorrem à prostituição certamente também ocorrem em outros lugares da Alemanha. "A política de integração do governo federal fracassou", afirma.
"Sem perspectivas, os jovens - não importando se vieram à Alemanha como migrantes ou não - acabam se colocando em situações ameaçadoras", diz. "Precisamos desesperadamente de mais pessoal e de acomodação para jovens desabrigados, além de programas que lhes propiciem uma chance de aprender alemão e ir à escola."
No ano passado, a Alemanha teve superávit de 253 bilhões de euros, o que equivale a 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Schubert diz que uma quantia maior desse dinheiro deve ser destinada com urgência às entidades de integração. "Caso contrário, milhares de menores de idade correm o risco de ter o mesmo destino desses jovens."
Ralf Rötten, presidente da organização Hilfe für Jungs ("Ajuda aos jovens", em tradução livre), diz que o problema é em grande parte causado pelas políticas de asilo e deportação do país, e não pela falta de acesso aos serviços sociais.
Sua organização envia pessoas para orientar os jovens refugiados no Tiergarten sobre aids e fornecer apoio. Mas, tirá-los de lá, não é tarefa fácil. "A maioria deles não tem permissão para frequentar aulas de alemão", afirma Rötten. "Eles não podem ir à escola ou trabalhar. Quais são as alternativas para esses jovens?"