Justiça alemã investigará suposta espionagem da NSA à Merkel

Pais lançou em abril uma comissão de investigação para determinar em que medida cidadãos e políticos foram alvos da NSA, e se os serviços secretos alemães estavam cientes

4 jun 2014 - 09h50
(atualizado às 09h54)
<p>Segundo revelou Edward Snowden, a chanceler alemã teria sido alvo de espionagem dos serviços secretos americanos</p>
Segundo revelou Edward Snowden, a chanceler alemã teria sido alvo de espionagem dos serviços secretos americanos
Foto: AFP

A justiça alemã investigará a suposta espionagem dos serviços secretos americanos contra a chanceler Angela Merkel, revelada pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden, anunciou nesta quarta-feira o procurador federal alemão Harald Range.

"Vou abrir uma investigação sobre as escutas do telefone celular da chanceler", declarou Range aos jornalistas após uma audiência ante uma comissão parlamentar.

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A investigação foi aberta por supostos atos de espionagem e atividades em favor de um serviço de inteligência estrangeiro, declarou o magistrado da procuradoria federal, situada em Karlsruhe (oeste).

Anunciou, pelo contrário, que não abrirá uma investigação sobre a espionagem das chamadas telefônicas de milhares de alemães, também revelada por documentos confidenciais vazados por Snowden.

Em 2013, a Alemanha ficou abalada com os vazamentos de Snowden, que revelou um vasto sistema de vigilância das conversas telefônicas e através da internet dos alemães, inclusive do telefone celular da chanceler, durante vários anos. O escândalo afetou as relações bilaterais com os Estados Unidos.

A proteção da vida privada é um tema delicado em um país marcado pela ditadura nazista e comunista.

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Os sociais-democratas (aliados de coalizão dos conservadores de Merkel) e a oposição (Verdes e a esquerda radical Die Linke) criticaram a decisão de limitar a investigação às escutas da chanceler.

"O principal crime alvo de discussão era o da espionagem em massa" por parte da agência de vigilância eletrônica americana NSA contra cidadãos alemães, reagiu o deputado Hans-Christian Strobele, representante dos Verdes na comissão parlamentar.

"Uma política judicial que siga a tese 'todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros' (do livro Revolução dos Bichos, de George Orwell) não é aceitável quando está em questão a violação em massa dos direitos dos cidadãos", declarou Ralf stegner, vice-líder dos deputados do SPD na câmara baixa do Parlamento, ao jornal Handelsblatt.

A Alemanha lançou em abril uma comissão de investigação para determinar em que medida os cidadãos e políticos foram alvos da NSA, e se os serviços secretos alemães estavam cientes disso.

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