A Ucrânia libertou dez soldados russos detidos há uma semana depois de atravessarem ilegalmente a fronteira, anunciou neste domingo Alexei Ragozin, comandante adjunto das Forças Aerotransportadas da Rússia.
"As negociações não foram nada fáceis. Mas reinou o bom senso e tudo terminou bem. O principal é que os meninos já estão conosco, na Rússia. Quero ressaltar que nós nunca abandonamos os nossos", disse Ragozin às agências locais
O general russo tachou de "inadmissível" o fato de os soldados terem ficado retidos durante tanto tempo e inclusive terem sido enviados a Kiev.
"Por outro lado, centenas de soldados ucranianos que foram parar a território russo foram entregues imediatamente à Ucrânia após receber assistência", assinalou.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta semana que o líder ucraniano, Petro Poroshenko, tinha prometido libertar os soldados russos, que cruzaram a fronteira por engano, segundo o Kremlin.
"Essa é a verdade. Acredito firmemente que se perderam, já que a fronteira não estava sinalizada", assinalou.
E lembrou que os soldados ucranianos que cruzaram a fronteira para fugir dos combates sempre foram tratados bem e, no caso dos feridos, inclusive hospitalizados.
"Em uma ocasião foram 450 soldados e há muito pouco 60 e muitos armados. Houve casos em que entraram em nosso território e diziam que se tinham perdido a bordo de seus blindados", assinalou.
Os soldados russos foram capturados junto à cidade de Dzerkalni, a cerca de 20 quilômetros da fronteira com a Rússia, quando se deslocavam em um blindado.
Kiev, que interrogou os soldados, fez um vídeo com suas confissões e os obrigou a comparecer a uma entrevista coletiva, considera que este incidente confirma a presença de tropas regulares russas em seu território.
As tropas russas teriam reforçado as fileiras dos rebeldes, que lançaram uma contra-ofensiva nos últimos dias para abrir uma terceira frente no litoral do mar de Azov.
Durante a sessão extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, a Ucrânia denunciou a "agressão russa", enquanto o presidente, Petro Poroshenko, pediu ontem à União Europeia mais sanções contra Moscou e ajuda militar.
Já os insurgentes da autoproclamada república popular de Donetsk informaram hoje sobre a libertação de mais de 200 soldados ucranianos que tinham sido feito prisioneiros.
Ao mesmo tempo, afirmaram que, devido à tentativa das forças ucranianas de romper o cerco a que estavam submetidos sem depor as armas, mais de 120 soldados do governo teriam morrido ou sido feridos.
Os insurgentes também tomaram seis tanques e destruíram outros cinco e oito blindados, além de desarmar cerca de 200 soldados militares.
O batalhão de voluntários "Crimeia" confirmou um grande número de baixas em suas fileiras, quando as forças leais a Kiev foram atacadas ao iniciar sua retirada através do corredor estipulado com os rebeldes.
Putin pediu na madrugada de sexta-feira com os rebeldes pró-Rússia para abrirem um corredor para a retirada dos soldados ucranianos cercados, embora eles tenham estabelecido como condição que as forças leais a Kiev deixassem todo seu armamento.