O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, assegurou nesta sexta-feira que seu governo "seguirá muito de perto" as mudanças políticas na Escócia depois que seu eleitorado rejeitou em referendo a independência do país do Reino Unido.
"O povo escocês se pronunciou. Respeitamos sua decisão democrática para que a Escócia permaneça no Reino Unido", disse Kenny após a confirmação que a campanha do "não" obteve 55% dos votos, contra 45% do "sim".
Segundo o líder irlandês, a atenção está agora centrada na reação do governo de Londres, que se viu obrigado a prometer a concessão de mais poderes ao parlamento de Edimburgo perante o avanço dos independentistas nas enquetes prévias à consulta de ontem.
"A atenção agora se centra sobre as mudanças que seguramente ocorrerão depois do referendo, particularmente os relacionados com a devolução de poderes. Seguiremos muito de perto esse processo na Irlanda", declarou o primeiro-ministro.
Kenny ressaltou que a Escócia seguirá sendo um país vizinho, amigo e parceiro na esfera política, econômica e cultural, ao mesmo tempo em que lembrou que as relações com o Reino Unido "nunca foram melhores".
Já na Espanha - que também possui grupos separatistas na Catalunha, assim como o Reino Unido - o presidente do governo, Mariano Rajoy, felicitou os escoceses nesta sexta-feira pelo resultado do referendo realizado ontem e por ter protagonizado um "escrupuloso respeito à legalidade" que lhes levou a evitar as "graves consequências" que teria representado a independência.
Rajoy avaliou desta forma o resultado dessa consulta em uma declaração distribuída em vídeo pelo Executivo espanhol.
A declaração de Rajoy é divulgada no dia no qual o parlamento da Catalunha deve aprovar uma lei que permita a convocação de uma consulta defensora da soberania na região, que o governo espanhol rejeita por considerar inconstitucional.
O chefe do Executivo ressaltou que os escoceses decidiram "de maneira clara e inequívoca" seguir fazendo parte do Reino Unido e, por extensão, da União Europeia.
"Com sua decisão, os escoceses evitaram as graves consequências econômicas, sociais, institucionais e políticas que teria representado sua separação do Reino Unido e da Europa", assegurou Rajoy.
Para o presidente do governo espanhol, os escoceses escolheram ontem "entre a segregação e a integração, entre o isolamento e a abertura, entre a estabilidade e a incerteza, entre a segurança e o risco certo".
"E escolheram a opção mais propícia para todos, para eles, para os demais cidadãos britânicos e para a Europa", insistiu Rajoy.
"Como cidadãos europeus, nos felicitamos que sigam conosco, colaborando e participando com fatos relevantes no grande projeto político que é a União Europeia", concluiu Rajoy.
Antes, o líder da oposição espanhola, o socialista Pedro Sánchez, havia afirmado que a decisão da Escócia de continuar no Reino Unido é "uma boa notícia para a Europa".
A líder da extrema-direita da França, Marine le Pen, afirmou nesta sexta-feira que a posição europeísta dos independentistas escoceses lhe parece "bastante incoerente", na medida em que queriam substituir "o jugo" do Reino Unido pela "submissão" à União Europeia.
"Propor libertar-se de uma união apresentada como um jugo para substituí-la por outra submissão, outra dependência, neste caso à União Europeia, me parece bastante contraditório", comentou Le Pen em entrevista à emissora "RFI".
Perguntada sobre se lhe alegrava ou lhe decepcionava o resultado do referendo na Escócia, a presidente da Frente Nacional (FN) respondeu que "nem um nem outro" e que sente "respeito pela soberania dos povos estrangeiros".
Na entrevista, Le Pen reiterou ainda suas frequentes críticas à União Europeia e à moeda única, ressaltou que os planos de resgate do euro já custaram à França 70 bilhões de euros, e apostou em abandoná-lo para voltar às moedas nacionais, e utilizá-lo unicamente para os intercâmbios entre países europeus.
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