Líderes europeus comemoram resultado de referendo na Escócia

Os líderes da Espanha, França e Irlanda fizeram seu pronunciamento nesta sexta-feira

19 set 2014 - 07h39
(atualizado às 07h43)
<p>O espanhol Mariano Rajoy comemorou o resultado do referendo</p>
O espanhol Mariano Rajoy comemorou o resultado do referendo
Foto: Reuters TV / Reuters

O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, assegurou nesta sexta-feira que seu governo "seguirá muito de perto" as mudanças políticas na Escócia depois que seu eleitorado rejeitou em referendo a independência do país do Reino Unido.

"O povo escocês se pronunciou. Respeitamos sua decisão democrática para que a Escócia permaneça no Reino Unido", disse Kenny após a confirmação que a campanha do "não" obteve 55% dos votos, contra 45% do "sim".

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Segundo o líder irlandês, a atenção está agora centrada na reação do governo de Londres, que se viu obrigado a prometer a concessão de mais poderes ao parlamento de Edimburgo perante o avanço dos independentistas nas enquetes prévias à consulta de ontem.

"A atenção agora se centra sobre as mudanças que seguramente ocorrerão depois do referendo, particularmente os relacionados com a devolução de poderes. Seguiremos muito de perto esse processo na Irlanda", declarou o primeiro-ministro.

Kenny ressaltou que a Escócia seguirá sendo um país vizinho, amigo e parceiro na esfera política, econômica e cultural, ao mesmo tempo em que lembrou que as relações com o Reino Unido "nunca foram melhores".

Já na Espanha - que também possui grupos separatistas na Catalunha, assim como o Reino Unido - o presidente do governo, Mariano Rajoy, felicitou os escoceses nesta sexta-feira pelo resultado do referendo realizado ontem e por ter protagonizado um "escrupuloso respeito à legalidade" que lhes levou a evitar as "graves consequências" que teria representado a independência.

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Rajoy avaliou desta forma o resultado dessa consulta em uma declaração distribuída em vídeo pelo Executivo espanhol.

A declaração de Rajoy é divulgada no dia no qual o parlamento da Catalunha deve aprovar uma lei que permita a convocação de uma consulta defensora da soberania na região, que o governo espanhol rejeita por considerar inconstitucional.

A charge da The New Yorker desta sexta-feira brinca com o monstro mais famoso da Escócia, do Lago Ness, deixando seu voto sobre a independência
Foto: Facebook/The New Yorker / Reprodução

O chefe do Executivo ressaltou que os escoceses decidiram "de maneira clara e inequívoca" seguir fazendo parte do Reino Unido e, por extensão, da União Europeia.

"Com sua decisão, os escoceses evitaram as graves consequências econômicas, sociais, institucionais e políticas que teria representado sua separação do Reino Unido e da Europa", assegurou Rajoy.

Para o presidente do governo espanhol, os escoceses escolheram ontem "entre a segregação e a integração, entre o isolamento e a abertura, entre a estabilidade e a incerteza, entre a segurança e o risco certo".

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"E escolheram a opção mais propícia para todos, para eles, para os demais cidadãos britânicos e para a Europa", insistiu Rajoy.

"Como cidadãos europeus, nos felicitamos que sigam conosco, colaborando e participando com fatos relevantes no grande projeto político que é a União Europeia", concluiu Rajoy.

Antes, o líder da oposição espanhola, o socialista Pedro Sánchez, havia afirmado que a decisão da Escócia de continuar no Reino Unido é "uma boa notícia para a Europa".

A líder da extrema-direita da França, Marine le Pen, afirmou nesta sexta-feira que a posição europeísta dos independentistas escoceses lhe parece "bastante incoerente", na medida em que queriam substituir "o jugo" do Reino Unido pela "submissão" à União Europeia.

"Propor libertar-se de uma união apresentada como um jugo para substituí-la por outra submissão, outra dependência, neste caso à União Europeia, me parece bastante contraditório", comentou Le Pen em entrevista à emissora "RFI".

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Perguntada sobre se lhe alegrava ou lhe decepcionava o resultado do referendo na Escócia, a presidente da Frente Nacional (FN) respondeu que "nem um nem outro" e que sente "respeito pela soberania dos povos estrangeiros".

Na entrevista, Le Pen reiterou ainda suas frequentes críticas à União Europeia e à moeda única, ressaltou que os planos de resgate do euro já custaram à França 70 bilhões de euros, e apostou em abandoná-lo para voltar às moedas nacionais, e utilizá-lo unicamente para os intercâmbios entre países europeus.

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