Líderes mundiais e multidão marcham em Paris contra o terror

11 jan 2015 - 11h50
(atualizado às 18h16)
Foto: Reuters

Mais de 1 milhão de pessoas, entre elas líderes de todo o mundo, marcharam nas ruas de Paris em uma manifestação em defesa da liberdade de expressão e contra o terrorismo. Lideraram a manifestação os familiares das vítimas dos atentados terroristas desta semana contra a revista "Charlie Hebdo" e do supermercado kosher, nos quais morreram 16 pessoas junto da policial municipal assassinada também na quinta-feira. Foi a maior mobilização já registrada até hoje no país desde a libertação da cidade da dominação nazista, na Segunda Guerra Mundial - informou o Ministério francês do Interior.

Veja cronologia dos 3 dias que deixaram Paris em colapso

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O lema "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie") domina os cartazes exibidos pelos manifestantes que estão no percurso entre a praça da República e a praça da Nação, no leste da capital.

Pessoas se reúnem na praça da República para marcha em Paris
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Um enorme dispositivo de segurança zela pela proteção dos presentes e dos quase 50 chefes de 

Estado e de governo que se reuniram em Paris para rejeitar a intolerância dos terroristas e defender os "valores republicanos". 

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O número de pessoas presente á marcha é uma incógnita. No Twitter, o deputado socialista e ex-ministro francês François Lamy escreveu, entusiasmado: "França fantástica! Eu diria que foram entre 1,3 e 1,5 milhão em Paris". O Ministério do Interior da França calcula que a quantidade de participantes gira em torno de 1,3 e 1,6 milhão, mas adverte que é impossível uma contagem precisa.

Dezenas de líderes mundiais, inclusive estadistas muçulmanos, foram a Paris para se juntar a centenas de milhares de cidadãos franceses na marcha.

Chinesa carrega cartaz em homenagem ao jornal alvo dos ataques na última quarta-feira, em francês e chinês
Foto: Reuters

Os manifestantes tiveram que esperar para começar a caminhada, pois o presidente francês, François Hollande, e os dirigentes mundiais que foram a Paris participar do evento, que saíram de ônibus do palácio presidencial, chegaram um pouco atrasados.

Cerca de 2,2 mil policiais e soldados patrulhavam ruas de Paris para proteger os manifestantes de eventuais ataques, com atiradores de elite da polícia sobre os telhados e detetives à paisana misturando-se com a multidão. Esgotos da cidade foram revistados antes do evento e estações de trem em todo o percurso deverão ser fechadas

A marcha, que estava marcada para começar às 12h (horário de Brasília) e feita em silêncio, é uma demonstração de solidariedade e também reflete o profundo choque sentido na França e em todo o mundo diante do pior ataque islâmico em uma cidade europeia em nove anos.

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O rei da Jordânia, Abdulla, e a esposa, a rainha Rania, também estão em Paris para participar do ato
Foto: AP

A chanceler alemã, Angela Merkel, os primeiro-ministros David Cameron (Grã-Bretanha), Matteo Renzi (Itália) e Benjamin Netanyahu (Israel), estão entre os presente.

A presidente Dilma Rousseff solicitou ao embaixador do Brasil, José Bustani, que a represente no evento.

Hollande abraça os familiares das vítimas dos ataques jihadistas

Após caminhar, o presidente francês François Hollande fez questão de abraçar e conversar com os familiares das 17 vítimas fatais dos ataques jihadistas em Paris. Os chefes de Estado e de Governo cercaram o presidente francês para fazer um minuto de silêncio, e depois Hollande se aproximou do grupo de parentes das vítimas dos jihadistas mortos pelas forças de ordem.

Ele conversou e abraçou os presentes em uma cena que comoveu a multidão.

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De braços dados, líderes mundiais marcham pela liberdade de expressão e em homenagem aos mortos nos atentados de Paris
Foto: Reuters
"Manifestação sem precedentes"

"Vai ser uma manifestação sem precedentes, que será escrito nos livros de história", disse o primeiro-ministro Manuel Valls antes do início da marcha. "É preciso mostrar o poder e a dignidade do povo francês, que vai clamar seu amor pela liberdade e pela tolerância", disse.

Cidadãos também mostravam sentimento de coragem. "Eu estou aqui para mostrar aos terroristas que ainda não ganharam. Pelo contrário, para aproximar pessoas de todas as religiões", disse Zakaria Moumni, um franco-marroquino de 34 anos que estava coberto pela bandeira francesa.

Loris Peres, 12 anos, com sua mãe e irmão, disse: "Para mim, isso é como mostrar o respeito aos seus entes queridos, como se fossem da família... Nós fizemos uma lição sobre isso na escola."

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Milhares de pessoas ocupam a Praça da República em Paris para a Marcha pela Unidade
Foto: Reuters

Durante a madrugada, o edifício do jornal alemão Hamburger Morgenpost foi alvo de um incêndio criminoso e dois suspeitos foram presos. Como muitos outros jornais alemães, o Hamburger Morgenpost publicou charges do jornal francês Charlie Hebdo depois do ataque mortal na quarta-feira em Paris.

Enquanto isso, fontes turcas e franceses disseram que uma mulher procurada pela polícia francesa como suspeita dos ataques teria deixado a França vários dias antes dos assassinatos. Acredita-se que ela esteja na Síria.

A polícia francesa começou em uma busca intensiva para capturar Hayat Boumeddiene, de 26 anos, parceira de um dos atacantes, descrevendo-a como "armada e perigosa".

(Com agências internacionais)

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Atentados, assassinatos, sequestros e perseguições em Paris

A sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, foi alvo de um ataque que matou 12 pessoas no dia 7 deste mês. De acordo com testemunhas, dois homens encapuzados invadiram a redação armados de fuzis e, enquanto atiravam nas pessoas que trabalhavam no local, gritaram “vamos vingar o profeta” e Allah akbar (Alá é grande). O semanário já havia sofrido diversas ameaças por publicar charges e caricaturas da figura religiosa de Maomé.

Je suis Laurent: sobrevivente da revista descreve atentado
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O atentado causou comoção no mundo todo. Manifestações foram organizadas com cartazes escritos "je suis Charlie" (Sou Charlie) e mãos empunhando lápis, o material de trabalho dos quatro cartunistas mortos no episódio.

Cidades da França entraram em alerta máximo para ataque terrorista e 88 mil homens das forças de segurança iniciaram uma caçada aos envolvidos no atentado. Nove pessoas foram presas no dia seguinte. Os irmãos nascidos em Paris e de pais argelinos Cherif Kuachi, 32 anos, e Said Kuachi, de 34, foram identificados como os autores dos disparos. O primeiro já havia sido condenado, em 2008, por ter atuado num grupo que enviava jihadistas ao Iraque.

Nesta sexta-feira (9), a polícia fechou o cerco após os dois irmãos, que estavam foragidos, roubarem um carro e invadirem uma fábrica na cidade de Dammartin-en-Goële, ao norte de Paris, onde mantiveram um refém. Ao mesmo tempo, no leste de Paris, o casal Hayat Boumediene e Amedy Coulibaly matou  três pessoas em um mercado judaico e fez outras dez reféns. Coulibaly, que conheceria um dos irmãos Kuachi, foi identificado pela polícia como o autor dos disparos que mataram uma policial na periferia de Paris no dia anterior.

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Testemunha francesa relata encontro com suspeito de ataques
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Após horas de negociações, ambos os lugares foram invadidos pela polícia. Em Dammartin-en-Goële, os irmãos foram mortos e o refém liberado. No mercado, um sequestrador foi morto, assim como um refém, e a outra terrorista permanece foragida. 

Veja momento em que polícia invade mercado em Paris
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Polícia mata irmãos suspeitos de ataque a ‘Charlie Hebdo’
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Fonte: Terra
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