O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu desculpas à Itália nesta sexta-feira (9) por não ter extraditado o italiano Cesare Battisti, condenado no país europeu por assassinatos na década de 1970.
"Desculpa é uma palavra muito simples, mas só quem tem caráter a usa. Peço desculpas ao povo italiano e ao ex-presidente Giorgio Napolitano, porque acreditava que Battisti era inocente e não era", disse o petista em entrevista ao vivo ao Tg2 Post.
Lula explicou que tomou a decisão de manter Battisti no Brasil com base em orientação que teve do Ministério da Justiça. Ele assinou o decreto que concedeu asilo ao terrorista em seu último dia de governo, em 2010. "Achei a decisão correta porque acreditamos que ele era inocente, mas, desde o momento em que ele confessou, é óbvio que devo admitir que errei".
"Peço desculpas ao povo italiano, pensei que ele não era culpado, mas depois da confissão dele só posso me desculpar. Eu me enganei", reforçou Lula, lembrando que tem muitos amigos nos sindicatos, na igreja, na política italiana, como o ex-premiê Enrico Letta.
Battisti foi preso na fronteira com a Bolívia sob suspeita de tentar fugir em janeiro de 2019 e foi entregue às autoridades italianas pela Bolívia. Atualmente, o ex-membro do grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) cumpre pena de prisão perpétua em uma cadeia em Rossano, na Calábria, extremo-sul do país.
Após ter passado quase 40 anos foragido e alegando inocência, Battisti admitiu, em março de 2019, ter sido o autor material de dois homicídios e seu envolvimento em outros dois. As quatro vítimas eram o marechal Antonio Santoro, o joalheiro Pierluigi Torregiani, o açougueiro Lino Sabbadin e o policial Andrea Campagna.