A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, garantiu nesta sexta-feira que não mudou seu comportamento na hora de falar ao telefone com outros líderes, após as revelações que seu celular foi alvo de espionagem dos Estados Unidos e que prefere olhar para o futuro, mas sem deixar de exigir uma mudança real por parte de Washington.
"Não mudei meu comportamento na hora de me comunicar e tenho uma lógica consistente em minhas conversas. Qualquer um que falar comigo vai ouvir sempre o mesmo", disse Merkel em entrevista coletiva no final do primeiro dia de reuniões do Conselho Europeu.
Após ser perguntada se espera por um pedido de desculpas dos EUA, a chanceler disse que o mais importante agora é a criação, de novo, de "uma base para o futuro" entre os dois líderes, já que "a confiança está prejudicada".
No entanto, afirmou que "todos sabemos que, juntos, temos muitos desafios no mundo, e só podemos enfrentá-los olhando para o futuro", o que só pode acontecer "com mudanças reais e não com palavras" por parte de Washington.
Merkel não quis comentar sua conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama, sobre a suposta espionagem ao seu telefone celular, mas ponderou que, apesar de existirem diferenças entre os dois países, uma aliança tão longa entre os mesmos e entre Washington e a União Europeia "suporta incidentes como estes".
A chanceler comentou que entre aliados "muito próximos, que tiveram que enterrar soldados caídos nas mesmas guerras", são compartilhados valores e tragédias, mas "também quer ter a certeza de que não tem que se preocupar por ser alvo de espionagem".
A chanceler alemã explicou que possui um celular que é pago por seu partido e que para todas as comunicações de Estado tem a sua disposição linhas criptografadas e, se for preciso, um celular criptografado.
Merkel disse que é difícil distinguir entre o que são comunicações de Estado e do partido e, por isso, decidiu em 2005 que sua formação política seria responsável pelo pagamento de seu telefone celular.
Não quis explicar qual linha foi ilegalmente monitorada pelos EUA, porque disse que, apesar de ter "fortes indícios" de que os americanos interceptaram suas ligações telefônicas, "não há uma confirmação, nem um desmentido".