Os governos da França e da Alemanha apelaram neste sábado aos representantes ucranianos e russos para trabalhem a favor da eleição presidencial de 25 de maio na Ucrânia e chamaram de "ilegal" o referendo de independência previsto para domingo no leste do país, onde persiste um clima de tensão.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, também pediram às tropas ucranianas que suspendam a ofensiva contra posições rebeldes e voltaram a ameaçar novas sanções contra Moscou.
Os separatistas do leste da Ucrânia pretendem organizar no domingo um referendo sobre a independência das "repúblicas populares" autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, sem levar em consideração o pedido de adiamento feito pelo presidente russo Vladimir Putin.
Na bacia de mineração de Donbass, integrada pelas regiões de Donetsk e de Lugansk, vivem 7,3 milhões de habitantes, dos 45,5 milhões da Ucrânia.
Os rebeldes afirmam que tudo estará pronto para a votação e confiam que a população aprovará o projeto, apesar das pesquisas apontarem que parte dos eleitores deseja continuar como parte da Ucrânia. "Você aprova a independência da República Popular de Donetsk?" e "Você aprova a independência da República Popular de Lugansk?": estas serão as perguntas das consultas.
"O referendo é o único meio de evitar a escalada da violência e da guerra", declarou o diretor da comissão eleitoral de Donetsk, Roman Liaguin. "Se a resposta ao referendo for 'sim', isto não significa que nossa região vai unir-se à Rússia", completou.
Kiev e os países ocidentais condenam a organização desta consulta popular, pois temem que aconteça o mesmo que na Crimeia, anexada à Rússia em março, após um referendo similar.
Para Merkel e Hollande, "a celebração de eleições presidenciais livres e equitativas na Ucrânia em 25 de maio é de importância capital". De acordo com ambos, "os referendos planejados em várias cidades do leste da Ucrânia são ilegais".
Em um comunicado divulgado ao fim de um encontro informal de dois dias em Stralsund, norte da Alemanha, os dois governantes mencionam uma série de medidas para reduzir a tensão na Ucrânia, na véspera do referendo.
Merkel e Hollande pedem a Moscou que reduza o número de tropas na fronteira com a Ucrânia, mas também solicitam ao governo de Kiev "abster-se de realizar ações ofensivas antes das eleições".
Combates em Mariupol
Na última sexta-feira, combates violentos entre insurgentes pró-Rússia e as Forças Armadas ucranianas foram registrados na cidade portuária de Mariupol (sudeste). Tudo começou quando 60 separatistas com armas automáticas atacaram a sede da polícia local.
Os confrontos terminaram com 20 separatistas mortos, segundo o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov. "O dia foi muito duro, com mortos e uma crueldade incrível. O chefe de polícia de Mariupol foi sequestrado e vários policiais mortos. Um franco-atirador emboscado atirava do teto do hospital contra os soldados, contra as pessoas", escreveu em sua página no Facebook.
Segundo as autoridades locais, neste sábado foi decretado um dia de luto em Mariupol. Na sexta-feira também foram registrados combates em Donetsk, onde separatistas armados atacaram uma unidade da Guarda Nacional ucraniana.