Milhares fazem manifestação contra o islamismo na Alemanha

Trata-se da nona segunda-feira consecutiva em que o Pegida convoca essa passeata

15 dez 2014 - 19h14
(atualizado às 21h53)
Em paralelo se formou uma contramanifestação, também com milhares de participantes, sob o lema "Dresden para todos" e pedindo solidariedade com os imigrantes e os peticionários de asilo
Em paralelo se formou uma contramanifestação, também com milhares de participantes, sob o lema "Dresden para todos" e pedindo solidariedade com os imigrantes e os peticionários de asilo
Foto: Hannibal Hanschke / Reuters

Milhares de manifestantes participaram nesta segunda-feira, pela nona semana consecutiva, de uma marcha contra o islamismo convocada em Dresden, no leste da Alemanha, apesar dos apelos do governo de Angela Merkel para que a população se distancie de movimentos de caráter ultradireitista.

A marcha, organizada pelo grupo denominado Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida), percorreu o centro da cidade saxã com cerca de seis mil manifestantes, segundo números policiais.

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Em paralelo se formou uma contramanifestação, também com milhares de participantes, sob o lema "Dresden para todos" e pedindo solidariedade com os imigrantes e os peticionários de asilo.

A polícia preparou um cordão de segurança em torno das duas manifestações para impedir que as manifestações se unissem e produzissem incidentes.

Trata-se da nona segunda-feira consecutiva em que o Pegida convoca essa passeata, de acordo com o esquema das manifestações organizado pela dissidência da extinta República Democrática Alemã, ao grito de "Nós somos o povo" e conhecidas como a revolução pacífica que precipitou a queda do muro de Berlim em 1989.

Por sua vez, a contramanifestação foi liderada pelos copresidentes do Partido Verde, Simone Peter e Cem Özdemir.

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Na semana passada, a marcha do Pegida chegou a concentrar cerca de 10 mil pessoas, o que suscitou os alertas do espectro parlamentar contra um movimento que, curiosamente, nasceu em uma cidade como Dresden, com 3% de população estrangeira e 0,4% de muçulmanos, porcentagens muito inferiores à média do país.

"Na Alemanha há liberdade de manifestação. Mas não há lugar para campanhas de difamação e calúnias contra as pessoas que vêm de outros países. Todo mundo deve ter cuidado para não ser instrumentalizado pelos promotores desses atos", declarou Angela Merkel após um encontro com o primeiro-ministro da Bulgária, Boiko Borisov.

Pouco antes, seu porta-voz, Steffen Seibert, tinha advertido que na Alemanha "não há lugar para a extrema direita e a xenofobia", em referência às marchas de grupos como Pegida e Hooligans contra Salafistas, grupo que reúne neonazistas e torcedores violentos.

Seibert assegurou ainda que a imigração e a política de integração são um assunto prioritário para o governo alemão.

O porta-voz garantiu que o Executivo entende que alguns cidadãos tenham dúvidas perante a crescente chegada ao país de refugiados, mas pediu que diferenciem esta preocupação da rejeição aos estrangeiros, ao mesmo em tempo que destacou a contribuição dos imigrantes à Alemanha nos últimos anos.

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Em entrevista à emissora da televisão pública, o ministro da Economia e líder do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, considerou que não se pode dizer que todos os que saem à rua sejam neonazistas, mas comentou que "os que se manifestam e não são neonazistas devem distanciar-se deles".

Na mesma linha, o ministro da Justiça, Heiko Maas, também do SPD, pediu para que o Pegida seja "desmascarado", convencido que em suas manifestações há pessoas "claramente ligadas à xenofobia", o que é "repugnante".

Frente a esses distanciamentos das forças do Bundestag (câmara baixa), tanto governamentais quanto opositoras, o partido eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD) já demonstrou sua simpatia por este grupo.

O líder do AfD, Bernd Lucke, insistiu em várias ocasiões que "a maioria de suas reivindicações são legítimas".

  
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