Convocada sob o lema "Todos somos Catalunha!", passeata reúne cerca de 300 mil pessoas, incluindo representantes de partidos que lutam contra a divisão do país. Líder catalão diz que não aceita intervenção de Madri.Dezenas de milhares de pessoas se concentraram neste domingo (29/10) no centro de Barcelona para pedir a unidade da Espanha e a prisão dos dirigentes separatistas destituídos por Madri, acusando-os de terem enganado os catalães.
A manifestação foi convocada pelo movimento cívico Sociedade Civil Catalã (SCC), sob o lema "Todos somos Catalunha!" e reuniu cerca de 300 mil pessoas, segundo estimativa da polícia. Entre os participantes do ato, estiveram os líderes regionais dos principais partidos que lutam contra a divisão da Espanha, incluindo ministros e líderes de forças políticas como do Partido Popular (PP), de Mariano Rajoy, na Catalunha, Xavier García Albiol, e o dos socialistas catalães do PSC, Miquel Iceta.
"Organizamos-nos tarde, mas estamos aqui para mostrar que há uma maioria de catalães que já não fica em silêncio e já não quer ser silenciada", disse aos jornalistas Alexandre Ramos, um dos organizadores da concentração.
A passeata encheu de bandeiras da Catalunha, Espanha e da União Europeia o Paseo de Gracia, uma das vias mais emblemáticas da cidade. "Vamos a recuperar a Catalunha de todos, a plural, a que construímos entre todos", afirmou a vice-presidente da SCC, Miriam Tey.
Inés Arrimadas, chefe da oposição na Catalunha como líder do partido liberal Ciudadanos, disse ser necessário "recuperar o sentido comum e a democracia" nas instituições da região. "Necessitamos de uma nova etapa na Catalunha."
Desde o início da manhã, vários grupos com bandeiras espanholas e da comunidade autônoma da Catalunha passearam pelo centro de Barcelona à espera do início da manifestação. "Este momento não é para viver numa realidade paralela. É tempo de ir para a rua e organizar eleições", disse o líder do partido Cidadãos, Albert Rivera.
Os organizadores disseram que querem defender a democracia, a convivência e o diálogo dentro da lei.
O Parlamento regional da Catalunha aprovou, na sexta-feira, a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional. Ao mesmo tempo, em Madri, o Senado espanhol deu autorização ao governo para aplicar o artigo 155º da Constituição, para restituir a legalidade na região autônoma.
Puigdemont não aceita destituição
O executivo de Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular (PP), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o governo catalão, entre outras medidas.
Em resposta, no sábado, o presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse não aceitar o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma "oposição democrática", numa declaração oficial gravada previamente e transmitida pela televisão.
Puigdemont ressaltou que não acata a aplicação do parágrafo 155 da Constituição espanhola - dispositivo que permite a intervenção do governo central de Madri na gerência de regiões autônomas. "Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos e, ao mesmo tempo, buscar a máxima estabilidade e tranquilidade, entendendo as dificuldades lógicas que comporta uma etapa desta natureza, pela qual nosso país nunca passou", afirmou.
Na sua declaração, Puigdemont encorajou seus seguidores a "perseverar" e "continuar defendendo as conquistas alcançadas até hoje".
MD/efe/lusa/ap/dpa
Veja também: